Marco civil da internet e a tutela transversal dos direitos da personalidade: um olhar sobre a privacidade na era da digital e de desafios regulatórios internacionais
DOI:
https://doi.org/10.24067/rjfa7;21.3:1780Palavras-chave:
Marco Civil da Internet, Direitos da personalidade, Privacidade digital, Regulação Internacional, Tutela transversalResumo
Este artigo investiga a transversalidade da tutela dos direitos da personalidade no ambiente digital, com ênfase na proteção da privacidade, à luz do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014). A pesquisa parte da seguinte pergunta: como o Marco Civil da Internet pode garantir a proteção dos direitos da personalidade, especialmente a privacidade, diante dos desafios mundiais impostos pela sociedade da informação e dos avanços tecnológicos, como Big Data e Inteligência Artificial? A hipótese sugere que, embora o Marco Civil estabeleça importantes garantias, como a neutralidade de rede e a proteção de dados pessoais, há lacunas regulatórias que comprometem a efetividade da tutela dos direitos da personalidade no ambiente digital. Isso exige uma abordagem mais robusta, transversal e supranacional, levando em consideração que o caráter global da internet requer a criação de marcos regulatórios por meio de tratados internacionais, ao invés de normas exclusivamente nacionais ou de caráter constitucional. O estudo tem como objetivo geral analisar o impacto do Marco Civil da Internet na proteção dos direitos da personalidade, com foco na privacidade, e avaliar como essa legislação pode ser aprimorada para enfrentar os desafios trazidos pelas novas tecnologias. Utilizando o método dedutivo, a pesquisa realiza uma revisão bibliográfica e análise documental, além de examinar a legislação correlata. Conclui-se que, apesar dos avanços proporcionados pelo Marco Civil da Internet, é necessária uma regulação transnacional que assegure uma tutela eficaz da privacidade no ambiente digital. Para tanto, é fundamental que as novas normas regulatórias sejam estabelecidas em um contexto de cooperação internacional, através de tratados, a fim de conciliar o desenvolvimento tecnológico com a proteção dos direitos fundamentais personalíssimos.
Referências
BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Aspectos de teoria geral dos direitos fundamentais. In: MENDES, Gilmar Ferreira et al. Hermenêutica e direitos fundamentais. Brasília: Brasília Jurídica, 2002.
BRASIL. Código Civil. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 27 set. 2024.
BRASIL. Lei geral de proteção de dados pessoais. 2018. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13709.htm. Acesso em: 27 set. 2024.
BRASIL. Declaração dos direitos do homem e do cidadão de 1789. Disponível em:
https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/414/2018/10/1789.pdf. Acesso em: 27 set. 2024.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.
Disponível em: www.senado.gov.br/sf/legislacao/const. Acesso em: 27 set. 2024.
BRASIL. Código Civil. Lei nº 10406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:
www.senado.gov.br/sf/legislacao/const. Acesso em: 27 set. 2024.
CANOTILHO, J. J. G. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª edição. Coimbra: Almedina, 2010.
CUNHA JÚNIOR, Dirley Da. Curso de direito constitucional. Salvador: JusPODIVM, 2016.
CUPIS, Adriano de. Os direitos da personalidade. Lisboa: livraria morais, 1961.
DE JESUS, Damásio. Marco Civil da Internet: comentários à Lei n. 12.965, de 23 de abril de 2014. Saraiva Educação SA, 2014.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2017.
FERRARI, Isabela; BECKER, Daniel; WOLKART, Erik Navarro. Arbitrium ex machina: panorama, riscos e a necessidade de regulação das decisões informadas por algoritmos. Revista dos Tribunais, v. 995, 2018. Disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/jspui/handle/2011/125801. Acesso em: 27 set. 2024.
FIGUEIREDO, Fábio Vieira. Direitos da personalidade e o respeito à dignidade da pessoa humana. Texto Digital, 2013. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://ibdh.org.br/wp-content/uploads/2016/02/Book-O-respeito-%C3%A0-dignidade-da-pessoa-humana.jpg.pdf
Acesso em: 27 set. 2024.
KLEIN, Júlia; ADOLFO, Luiz. A nuvem digital e a ameaça invisível ao direito fundamental ao meio ambiente na sociedade da informação. Revista Jurídica da FA7, [S. l.], v. 19, n. 1, p. 51–62, 2022. DOI: 10.24067/rjfa7;19.1:1251. Disponível em: https://periodicos.uni7.edu.br/index.php/revistajuridica/article/view/1251. Acesso em: 25 set. 2024.
LAPOWSKY, Isse. How Cambridge Analytica sparked the great privacy awakening. Wired. São Francisco: 17 mar 2018. Disponível em:
https://www.wired.com/story/cambridge-analytica-facebook-privacy-awakening/. Acesso em: 27 set. 2024.
LEMOS, André. Dataficação da vida. Civitas: revista de Ciências Sociais, [S. l.], v. 21, n. 2, p. 193–202, 2021. DOI: 10.15448/1984-7289.2021.2.39638. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/civitas/article/view/39638. Acesso em: 27 set. 2024.
LEVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.
LOH, Stanley. Volume, Velocidade, Variedade, Veracidade e Valor: Como os 5 Vs do Big Data estão impactando as Organizações e a Sociedade. Porto Alegre, 2019. Disponível em:
https://www.intext.com.br/5vs-big-data.pdf. Acesso em: 27 set. 2024.
ONU. Assembléia Geral das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Disponível em: http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm. Acesso em: 27 set. de 2024.
PESSOA, João Pedro Seefeldt; SALDANHA, Jânia Maria Lopes; LIMBERGER, Têmis. A proteção de dados pessoais entre capitalismo de vigilância e cosmopolitismo. Revista da Faculdade Mineira de Direito - PUC Minas, v. 26 n. 52 (2023). DOI: https://doi.org/10.5752/P.2318-7999.2023v26n52p156-185. Acesso em: 27 set. de 2024.
RODOTÀ, Stefano et al. A vida na sociedade da vigilância: a privacidade hoje. In: A vida na sociedade da vigilância: a privacidade hoje. Rio de Janeiro; Renovar, 2008. p. 381-381.
SALDANHA, Rodrigo Róger; OLIVEIRA, José Sebastião de. A quarta expressão dos direitos de personalidade: o conjunto informativo digital como um novo conceito no Direito Civil contemporâneo. Revista Húmus, v. 12, n. 37, 13 Dez 2022. Disponível em:
https://cajapio.ufma.br/index.php/revistahumus/article/view/19182. Acesso em: 27 set 2024.
SIQUEIRA, Dirceu Pereira; PICCIRILLO, Miguel Belinati. Direitos fundamentais: a evolução histórica dos direitos humanos, um longo caminho. Rio Grande: Âmbito Jurídico. 2009.
SOUZA JUNIOR, Arthur Bezerra de; GOMES, Daniel Machado; FAÇANHA, Josanne; SILVA, Leonardo Rabelo de Matos da (orgs.). Direito privado contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV / Pembroke Collins, 2019.
SOUZA, Lucas Daniel Ferreira; DE LUCA, Guilherme Domingos. Lei 12.965/2014: democratização da internet e efeitos do marco civil na sociedade da informação. Revista Paradigma. [S. l.], n. 23, 2015. Disponível em: https://revistas.unaerp.br/paradigma/article/view/466.
TEPEDINO, Gustavo. A tutela da personalidade no ordenamento civil: constitucional brasileiro. In: Temas de direito civil. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.
ZUBOFF, Shoshana. The Age of Surveillance Capitalism: the fight for a human future at the new frontier of power. Nova York:Public Affairs, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Daniela Menengoti Gonçalves Ribeiro, Adriana Rossini

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
O(s) autor(es) declara(m) que
a) a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra revista;
b) são integralmente responsáveis pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos;
c) autorizam aos editores da RJFA7 a proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação;
d) em caso de aceitação, a RJFA7 detém o direito de primeira publicação, sob licença CreativeCommons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
Os autores permanecem com os direitos autorais, sendo permitida a reprodução, no todo ou em parte, com o necessário reconhecimento da publicação inicial, seja para distribuição exclusiva, seja para distribuição online, para propósito não comercial, garantindo-se as mesmas regras de licença.
Authors declare that
a) the contribution is original and unpublished and that it is not in the process of being evaluated in another journal,
b) they are fully responsible for the opinions, ideas and concepts emitted in the texts;
c) authorize the editors of FA7LR to make textual adjustments and adequacy of the article to the norms of publication;
d) in case of acceptance, FA7LR holds the right of first publication, under CreativeCommons Attribution-NonCommercial-Share-Alike 4.0 International license.
The authors remain with the reproduction, in whole or in part, with the necessary recognition of the initial publication, either for exclusive distribution or for online distribution, for non-commercial purposes, and the same license rules are guaranteed.