Severance: liberdade cognitiva, integridade, privacidade mental e a emergência dos neurodireitos
DOI:
https://doi.org/10.24067/rjfa7;20.3:1708Palavras-chave:
Direito à privacidade, Direitos da personalidade, Inteligência artificial, Neurodireitos, Tecnologias vestíveis, Tecnologia incorporadaResumo
O presente trabalho tem por objetivo analisar a série Severance sob a perspectiva dos neurodireitos, sobretudo à liberdade cognitiva, à integridade e à privacidade mental. Para tanto, a pesquisa utilizou o método hipotético-dedutivo, fundamentado em obras, artigos de periódicos, legislação, doutrina, notícias e reviews acerca da primeira temporada da série. Como resultado, verifica-se que hoje já é possível auferir dados pessoais que permitem o controle da produtividade e do desempenho em ambiente laboral por meio de tecnologias vestíveis e tecnologia incorporada. A possibilidade de interferência em questões que envolvam a liberdade cognitiva e a integridade e a privacidade mentais do indivíduo deve ser analisada sob a perspectiva dos neurodireitos. Embora ainda distante e utópica, Severance aborda questões que devem ser discutidas quanto aos limites éticos e jurídicos da utilização da tecnologia para fins de controle, vigilância, servibilidade e expressão/manutenção da identidade.
Referências
ASTOBIZA, Aníbal Monasterio et al. Traducir el pensamiento en acción: Interfaces cerebro-máquina y el problema ético de la agencia. Revista de Bioética y Derecho, n. 46, 2019. Disponível em: Disponível em: https://revistes.ub.edu/index.php/RBD/article/view/26862. Acesso em: 4 maio 2022.
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Direitos do consumidor e direitos da personalidade: limites, intersecções, relações. Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 36, n. 143, p. 63-70, jul./set. 1999. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/504/r143-07.PDF?sequence=4. Acesso em: 5 abr. 2021.
BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Direitos da personalidade e autonomia privada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 4 maio 2022.
BROOKER, Matthew. How Severed Is Your Workplace Personality? The Washington Post, 25 abr. 2022. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/business/how-severed-is-your-workplace-personality/2022/04/22/d97c8906-c2a0-11ec-b5df-1fba61a66c75_story.html. Acesso em: 4 maio 2022.
CARNEIRO, Raquel. Série ‘Severance’ mira ‘The Office’ e acerta ‘Black Mirror’. Veja, 18 fev. 2022. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/veja-recomenda/serie-severance-mira-the-office-e-acerta-black-mirror/. Acesso em: 12 maio 2022.
CUPIS, Adriano de. Os direitos da personalidade. Tradução: Adriano Vera Jardim e Antonio Miguel Caeiro. Lisboa: [s. n.], 1961.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
GANGADHARBATLA, Harsha. Biohacking: An exploratory study to understand the factors influencing the adoption of embedded technologies within the human body. Heliyon, v. 6, n. 5, e03931, maio 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2405844020307763. Acesso em: 4 maio 2022.
GITTELL, Noah. How Severance became our favourite new mystery box TV show. The Guardian, 29 mar. 2022. Disponível em: https://www.theguardian.com/tv-and-radio/2022/mar/29/severance-new-mystery-box-tv-show-review. Acesso em: 18 maio 2022.
HAN, Byoung-Chul. Psicopolítica: o neoliberalismo e as novas técnicas de poder. Veneza: Âyiné, 2020.
IENCA, Marcello; ANDORNO, Roberto. Towards new human rights in the age of neuroscience and neurotechnology. Life Sciences, Society and Policy, v. 13, n. 1, 2017. Disponível em: https://lsspjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40504-017-0050-1. Acesso em: 4 maio 2022.
JABORANDY, Clara Cardoso Machado; GOLDHAR, Tatiane Gonçalves Miranda. A repersonalização do direito civil a partir do princípio da fraternidade: um novo enfoque para tutela da personalidade na contemporaneidade. Revista Jurídica Cesumar, v. 18, n. 2, p.
481-502, maio/ago. 2018. Disponível em: https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/revjuridica/article/view/6267. Acesso em: 1 out. 2021.
MAAS, Jennifer. Apple’s ‘Severance’ Neurosurgery Consultant Says We’re ‘Not Far Off’ From Its Terrifying Technology. Variety, 24 maio 2022. Disponível em: https://variety.com/2022/tv/features/severance-chip-explained-neurosurgeon-consultant-lumon-1235212821/. Acesso em: 4 maio 2022.
MARTÍNEZ, Héctor Llanos. ‘Separación’, la inquietante serie de Ben Stiller para quienes no echan de menos ir la oficina. El País, 22 fev. 2022. Disponível em: https://elpais.com/television/2022-02-22/separacion-la-inquietante-serie-de-ben-stiller-para-quienes-no-echan-de-menos-ir-la-oficina.html. Acesso em: 4 maio 2022.
MORAES, Maria Celina Bodin de. Ampliando os direitos da personalidade. In: José Ribas Vieira (org.). 20 anos da Constituição cidadã de 1988: efetivação ou impasse institucional? Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 369-388.
PARKER, Kim; HOROWITZ, Juliana Menasce. Majority of workers who quit a job in 2021 cite low pay, no opportunities for advancement, feeling disrespected. Pew Research Center, 9 mar. 2022. Disponível em: https://www.pewresearch.org/fact-tank/2022/03/09/majority-of-workers-who-quit-a-job-in-2021-cite-low-pay-no-opportunities-for-advancement-feeling-disrespected/. Acesso em: 4 maio 2022.
PETERSÉN, Moa. The swedish microchipping phenomenon. Bingley: Emerald, 2019.
PONIEWOZIK, James. ‘Severance’ Review: That Makes Two of You: Adam Scott returns to the office in an engrossing thriller about separating work and home life, surgically. The New York Times, 17 fev. 2022. Disponível em: https://www.nytimes.com/2022/02/17/arts/television/severance-review.html. Acesso em: 18 maio 2022.
POR que os trabalhadores suecos estão implantando chips no corpo? Uol, 5 abr. 2017. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2017/04/05/por-que-os-trabalhadores-suecos-estao-implantando-chips-no-corpo.htm. Acesso em: 4 maio 2022.
RAINEY, Stephen. Brain Recording, Mind-Reading, and Neurotechnology: Ethical Issues from Consumer Devices to Brain-Based Speech Decoding. Science and Engineering Ethics, v. 26, p. 2295-2311, 2020. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11948-020-00218-0?utm_source=getftr&utm_medium=getftr&utm_campaign=getftr_pilot. Acesso em: 4 maio 2022.
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de personalidade e sua tutela. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
TOBBIN, Raíssa Arantes; CARDIN, Valéria Silva Galdino. Tecnologias vestíveis e capitalismo de vigilância: do compartilhamento de dados sobre saúde e a proteção dos direitos da personalidade. Revista de Direito, Governança e Novas Tecnologias, v. 7, n. 1, p. 127-147, jan./jul. 2021. Disponível em: https://www.indexlaw.org/index.php/revistadgnt/article/view/7938. Acesso em: 4 maio 2022.
VINCENTELLI, Elisabeth. What ‘Severance’ Is Made of: ‘Being John Malkovich’ and a Sizzler Steakhouse: The creator of the sci-fi thriller drew on Kurt Vonnegut, “Black Mirror” and a ’90s restaurant commercial to build the show’s disquieting sets and nightmare logic. The New York Times, 26 abr. 2022. Disponível em: https://www.nytimes.com/2022/04/26/arts/severance-apple-tv.html. Acesso em: 4 maio 2022.
ZANINI, Leonardo Estevam de Assis et al. Os direitos da personalidade em face da dicotomia direito público – direito privado. Revista de Direito Brasileira, São Paulo, v. 19, n. 8, p. 208- 220, jan./abr. 2018. Disponível em:
https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/3203/3534. Acesso em: 20 nov. 2020.
ZÚÑIGA-FAJURI, Alejandra et al. Neurorights in Chile: Between neuroscience and legal science. Developments in Neuroethics and Bioethics, v. 4, p. 165-179, 2021. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2589295921000059. Acesso em: 4 maio 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Raissa Arantes Tobbin, Valéria Silva Galdino Cardin

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
O(s) autor(es) declara(m) que
a) a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra revista;
b) são integralmente responsáveis pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos;
c) autorizam aos editores da RJFA7 a proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação;
d) em caso de aceitação, a RJFA7 detém o direito de primeira publicação, sob licença CreativeCommons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
Os autores permanecem com os direitos autorais, sendo permitida a reprodução, no todo ou em parte, com o necessário reconhecimento da publicação inicial, seja para distribuição exclusiva, seja para distribuição online, para propósito não comercial, garantindo-se as mesmas regras de licença.
Authors declare that
a) the contribution is original and unpublished and that it is not in the process of being evaluated in another journal,
b) they are fully responsible for the opinions, ideas and concepts emitted in the texts;
c) authorize the editors of FA7LR to make textual adjustments and adequacy of the article to the norms of publication;
d) in case of acceptance, FA7LR holds the right of first publication, under CreativeCommons Attribution-NonCommercial-Share-Alike 4.0 International license.
The authors remain with the reproduction, in whole or in part, with the necessary recognition of the initial publication, either for exclusive distribution or for online distribution, for non-commercial purposes, and the same license rules are guaranteed.