Propriedade Intelectual e Inovação: Um Olhar Político-Constitucional
Resumo
Este estudo procura observar a Propriedade Intelectual como vetor de Inovação, sob a ótica Político-Constitucional, ou seja, enquanto projeto, cujas aspirações integram-se ao espectro de valores constitucionalmente resguardados; e enquanto ação, dada a necessária efetividade destes postulados no contexto da sociedade complexa, cujas relações de seus agentes são mediadas por Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Desenvolvida a partir de uma abordagem sistêmico-dialógica, mais precisamente sob a perspectiva da complexidade abordada por Edgar Morin, a pesquisa apresenta elementos teóricos que procuram contribuir para a observação da Propriedade Intelectual como vetor estratégico de uma Política Constitucional orientada à Inovação. Estruturado em três partes, na primeira o trabalho aborda a diversidade semântica que marca o conceito de Inovação. Na segunda as categorias Criação e Autoria são evidenciadas a partir de revisão teórica que informa seus pressupostos históricos e jurídicos, especialmente em relação ao cotejo entre a legitimidade da autonomia individual e da produção coletiva. Na terceira parte são explorados os conceitos de Propriedade e Propriedade Intelectual para além da exclusividade individualista e segmentação doutrinária, costumeiramente vinculadas a estas categorias. Com especial atenção ao papel das Universidades, a conclusão aponta para o reconhecimento da Propriedade Intelectual como um vetor estratégico para realização de uma política de cariz constitucional voltada à Inovação, a partir da ação destas instituições.
Referências
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito fundamental de acesso à cultura e direito intelectual. In: SANTOS, Manoel J. Pereira dos. (coord.) Direito de autor e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2011.
ASCENSÃO, José Oliveira. Direito intelectual, exclusivo e liberdade. Revista da Escola da Magistratura Federal da 5ª Região, Recife, n. 3. p. 125-145, mar. 2002. Disponível em: https://www.trf5.jus.br/downloads/rev03.pdf. Acesso em: 10 abr. 2018.
BARBOSA, Denis Borges. Tratado da propriedade intelectual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, Tomo I.
BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
BAUMOL, William. The free-market innovation machine: Analyzing the growth miracle of capitalism. Princeton. New Jersey: Princeton University Press, 2002.
BERNERS-LEE, Tim. Annenberg Networks Network Theory Seminar. California: University of Southern California, 2007. Disponível em: http://www.yovisto.com/video/10017. Acesso em: 16 ago. 2018.
BEZERRA JUNIOR, Benilton Carlos e outros. Novas fronteiras da subjetivação. Café Filosófico. Instituto CPFL, 2009. Disponível em: http://www.institutocpfl.org.br/cultura/2009/12/02/integra-novas-fronteiras-da-subjetivacao-benilton-bezerra-junior/. Acesso em: 15 mar. 2018.
BEZERRA JUNIOR, Benilton Carlos. A subjetividade humana na sociedade de indivíduos (entrevista). Revista do Instituto Humanistas Unisinos, São Leopoldo, 24 maio 2007. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/7366-a-subjetividade-humana-na-sociedade-de-individuos-entrevista-especial-com-benilton-bezerra. Acesso em: 15 mar. 2018.
BRANDÃO, Junino de Souza. Mitologia grega. Petrópolis: Vozes, 1987.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 10 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 10.973 de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. [atualizada pela Lei nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#view. Acesso em: 10 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm. Acesso em: 10 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no país, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9609.htm. Acesso em: 10 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em: 10 mar. 2018.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003.
CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. 25. ed. São Paulo: Cultrix, 2002.
CAPRA, Fritjof. Sabedoria incomum: conversas com pessoas notáveis. São Paulo: Cultrix, 1995.
CARBONI, Guilherme. Direito autoral e autoria colaborativa: na economia da informação em rede. São Paulo: Quartier Latin, 2010.
CARBONI, Guilherme. Função social do direito de autor. Curitiba: Juruá, 2008.
CARBONI, Guilherme. Função social do direito de autor. In: TIMM, Luciano Benetti; MACHADO, Rafael Bicca. Função social do direito. São Paulo: Quartier Latin, 2009.
CASTELLS, Manuel. O poder da comunicação. 2. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Paz&Terra, 2017.
CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Creativity: the psychology of discovery and invention. New York: Harper Collins, 1996.
DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
DINIZ, Debora; TERRA, Ana. Plágio: palavras escondidas. Brasília: Letras Livres; Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2014.
DODGSON, Mark; GANN, David. Inovação. Porto Alegre: L&PM, 2014.
ECHEVERRÍA, Javier. Interdisciplinariedad y convergencia tecnocientífica nano-bio-info-cogno. Sociologias, Porto Alegre, n. 22. p. 22–53, jun/dez. 2009. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222009000200003. Acesso em: 15 abr. 2018.
ENGELMANN, Wilson; WILLIG, Júnior Roberto. Inovação no Brasil: entre os riscos e o marco regulatório. São Paulo: Paco Editorial, 2016.;
ETZKOWITZ, Henry. Triple Helix: university-industry-government, innovation in action. New York: Routledge, 2008.
FAGERBERG, Jan. Innovation: a guide to the literature. In: FAGERBERG, Jan; MOWERY, David C.; NELSON, Richard R. The Oxford Handbook of Innovation. New York: Oxford University Press, 2006.
FOUCAULT, Michel. O que é o autor? In: FOUCAULT, Michel. Estética: literatura e pintura, música e cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. v. 3: Ditos e escritos.
GAMBOA, Silvio Áncizar Sánchez. Reações ao giro linguístico: o resgate da ontologia ou do real, independente da consciência e da linguagem. Porto Alegre, RS: CBCE, 2009.
GRACIA, Tomás Ibáñez. El giro lingüístico. In: RUEDA, Lupicinio Íñiguez. Análisis del discurso: manual para las ciencias sociales. Barcelona: Editorial UOC, 2014.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
MELO, Milena Petters; CARDUCCI, Michele. Políticas constitucionais e sociedade: apresentação. In: MELO, Milena Petters; CARDUCCI, Michele; SPAREMBERGER, Raquel Fabiana Lopes. Políticas constitucionais e sociedade: direitos humanos, bioética, produção do conhecimento e diversidades. Curitiba: Prismas, 2016.
MORAES, Rodrigo. Direito fundamental à temporalidade (razoável) dos direitos patrimoniais de autor. In: SANTOS, Manoel J. Pereira dos. (coord.) Direito de autor e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2011.
MORAES, Rodrigo. Direito fundamental à temporalidade (razoável) dos direitos patrimoniais de autor. In: SANTOS, Manoel J. Pereira dos. (coord.) Direito de autor e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2011.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2011.
NIETZSCHE. A gaia ciência. 6. ed. Lisboa: Guimarães Editores, 2000.
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Disponível em: http://www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf. Acesso em: 15 abr. 2018.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Direitos reais. 21. ed. atualizada por Carlos Edison do Rêgo Monteiro Filho. Rio de Janeiro: Forense, 2013. v. IV.
PILATI, José Isaac. Conceito e classificação da propriedade na pós-modernidade: a era das propriedades especiais. Revista Sequência, n. 59. p. 89-119, dez. 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequenia/article/view/2177-7055.2009v30n59p89/13591. Acesso em: 22 jan. 2018.
REIS, Jorge Renato dos. A constitucionalização do direito privado e o novo código civil. In: LEAL, Rogério Gesta (Org.). Direitos sociais e políticas públicas: desafios contemporâneos. Tomo 3. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003.
RIBEIRO, Eduardo Ely Mendes. Individualismo e verdade em Descartes: o processo de estruturação do sujeito moderno. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: direito das coisas. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. v. 5.
RUGIU, Antonio Santoni. Nostalgia do mestre artesão. Campinas: Autores Associados, 1998.
SCHUMPETER, Joseph Alois. Capitalism, socialism and democracy. London; New York: Routledge, 2003.
SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
SILVEIRA, Newton. Propriedade intelectual. 5. ed. Barueri: Manole, 2014.
STAUT Jr., Sérgio Said. Cuidados metodológicos no estudo da história do direito de propriedade. Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, n. 42. p. 155-170, 2005. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/rfdufpr.v42i0.5175. Acesso em: 22 jan. 2018.
TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
Copyright (c) 2022 Alejandro Knaesel Arrabal
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
O(s) autor(es) declara(m) que
a) a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra revista;
b) são integralmente responsáveis pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos;
c) autorizam aos editores da RJFA7 a proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação;
d) em caso de aceitação, a RJFA7 detém o direito de primeira publicação, sob licença CreativeCommons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
Os autores permanecem com os direitos autorais, sendo permitida a reprodução, no todo ou em parte, com o necessário reconhecimento da publicação inicial, seja para distribuição exclusiva, seja para distribuição online, para propósito não comercial, garantindo-se as mesmas regras de licença.
Authors declare that
a) the contribution is original and unpublished and that it is not in the process of being evaluated in another journal,
b) they are fully responsible for the opinions, ideas and concepts emitted in the texts;
c) authorize the editors of FA7LR to make textual adjustments and adequacy of the article to the norms of publication;
d) in case of acceptance, FA7LR holds the right of first publication, under CreativeCommons Attribution-NonCommercial-Share-Alike 4.0 International license.
The authors remain with the reproduction, in whole or in part, with the necessary recognition of the initial publication, either for exclusive distribution or for online distribution, for non-commercial purposes, and the same license rules are guaranteed.