“EU SOU O REI DA INGLATERRA. NÃO SENHOR, VOCÊ É O PACIENTE”
Considerações foucaultianas acerca do filme “As loucuras do Rei George”
Palavras-chave:
Loucura, Poder Psiquiátrico, AntipsiquiatriaResumo
O presente artigo visa proporcionar a articulação das pesquisas foucaultianas sobre a loucura, sociedade e poder psiquiátrico com as questões presentes no filme As loucuras do Rei George (1994). Dessa forma, na análise teórica serão discutidas as temáticas da constante exclusão da loucura, bem como a concepção de loucura que no início do século XIX não se encontra mais no eixo “verdade-erro-consciência”, mas no eixo “paixão-vontade-liberdade”. Essa temática será observada a partir da figura de Rei George, que exerce o poder soberano e ao ser acometido pela loucura, terá este substituído pelo poder disciplinar do médico que o torna dócil e submisso. Esta figura do grande médico tido como aquele traz à tona a verdade sobre a loucura, a partir do saber que detém esta, proporciona uma relação de domesticação com o paciente, com o objetivo de reprimir as paixões e vontades pervertidas. No século XIX, esse processo tem viés de cura, é uma terapêutica, assim observa-se através deste as inflexões do poder psiquiátrico na produção de um corpo dócil e submisso. Finalmente, à guisa de conclusão, constatou-se a partir da análise do filme, as práticas de dominação da loucura pela razão no século XIX, percebidas a partir da figura do rei, tendo o médico como a figura que sabe sobre o seu sofrimento e o mantém como um corpo dócil e submisso, sendo a cena de enfrentamento o que constitui o poder psiquiátrico.
Referências
FOUCAULT, Michel. A Loucura e a Sociedade. In: Motta, Manoel Barbosa (Org.). Problematização do sujeito: psicologia, psiquiatria e psicanálise. Rio de Janeiro: Forense Universitária. p.259-267. 2006.
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