PLANEJAMENTO FINANCEIRO E GESTÃO DE CUSTOS NA FILIAL DE FORTALEZA DA EMPRESA DE TECNOLOGIA LEVEL 3
Camila Holanda Bitu
Graduanda do Curso de Administração do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7).
Emmanuela da Costa Silva
Graduanda do Curso de Administração do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7).
Ricardo Aquino Coimbra
Professor adjunto do curso de Administração do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7). Mestre em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC/CAEN). Graduado em Economia pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Conselheiro da APIMEC-NE desde 2006. Professor de cursos de graduação e pós-graduação da UNI7, Faculdades Nordeste/Devry (FANOR/DEVRY), Faculdade Metropolitana (FAMETRO), da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e da Escola de Negócios UNI7. Colunista do Segunda Opinião. Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da ONG Movimento Coesão Social.
RESUMO
O objetivo
principal desta pesquisa é analisar o processo de planejamento financeiro e a
gestão de custos e investimentos da filial de Fortaleza da empresa de
tecnologia Level 3. O planejamento financeiro, bem
como a otimização de custos e uma política de investimentos bem articulada são
as bases nas quais qualquer empresa deve fundamentar-se para garantir a saúde
financeira e retornos bem-sucedidos de suas atividades. A metodologia utilizada
na elaboração deste trabalho foi a pesquisa exploratório-descritiva, através de
entrevista não focalizada e de pesquisa bibliográfica. A importância de
compreender como funciona o processo de planejamento financeiro de empresas
deste setor está na grande importância que elas adquiriram nos últimos anos e
no crescimento observado no número dessas empresas em atuação no Brasil. De
acordo com os dados obtidos, foi observado que seu planejamento gira em torno
dos serviços prestados pela empresa, e que seus investimentos são baseados na
expectativa gerada pela demanda de seus serviços. No entanto, também foi observado
a grande dependência que a filial de Fortaleza tem das decisões tomadas na
matriz no exterior, o que pode comprometer os resultados almejados na região em
que atua.
PALAVRAS-CHAVE: Custos, Estratégia, Investimentos,
Planejamento, Tecnologia.
ABSTRACT
The main objective of this investigation is to analyze the process of
financial planning and costs management of the technology company Level 3’s
subsidiary in the city of Fortaleza. The financial planning, costs optimization
and a investments policy well articulated are the bases upon any company must
settle down in order to guarantee its own financial health and the success of
its activities. The main methodology used in the making of this work was the
exploratory-descriptive, through non focused interviews and bibliographic
research. The main importance of technology
companies’ financial planning understanding in is justified by the great
investment volume with which they deal, as well the growth of this industry in
Brazil. According with the results of this
research, was observed that the planning is based on the services offered by
the company, and the investments are mainly influenced by the expectative of
demand for its services. However, it was also observed the great dependence that the Fortaleza
branch has of decisions taken by the head office, what may be considered a
constraint for the financial planning optimization on the local subsidiary.
KEYWORDS:
Cost, Strategy, Investiment, Financial Planning, Technology.
O processo de planejamento
financeiro é de suma importância para qualquer organização, estando ligado a
processos organizacionais estratégicos, tais como marketing, recursos humanos
(RH), produção, vendas, pesquisa e desenvolvimento (P&D), logístico, entre
outros.
O planejamento
financeiro surge a partir do conceito de finanças, sendo esta a ciência de
administrar o dinheiro movimentado por indivíduos ou organizações, tais como
investimentos, gastos ou recebimento de direitos (GITMAN, 2010). Planejar entra
aqui como forma de prever a melhor maneira para alocar recursos de modo
eficiente e eficaz.
Por certo, um bom
planejamento financeiro pode permitir a visualização integral de investimentos,
lucros e perdas, além de servir como base para previsão de possíveis
oportunidades e riscos. No dizer de Ross (2010), o planejamento financeiro é o
conjunto de passos a serem seguidos para o alcance de objetivos financeiros.
Do mesmo modo Gitman (2010), afirma ser o planejamento financeiro um mapa
de orientação através do qual a empresa atingirá seus objetivos.
Dessa forma,
pode-se concluir que o planejamento financeiro é estratégia que conduz o gestor
a acompanhar as mudanças e rever metas estabelecidas e, além disso, cria
mecanismos de controle de atividades operacionais.
Outra vantagem de
expressar os objetivos através de orçamentos, é facilitar para os funcionários
a visualização dos possíveis resultados futuros, podendo, assim, trabalharem
para atingir os objetivos propostos (CHASSOT, 2015). O planejamento financeiro,
portanto, contribui para o trabalho em equipe e melhora os meios de comunicação
dentro da empresa, desenvolvendo um ambiente de trabalho organizado, fluído e
eficiente.
Por outro lado,
um planejamento financeiro mal feito ou a falta de um pode significar sérios
danos causar às suas atividades, incluindo falência total.
Segundo o Serviço
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2008), anualmente 134 mil
empresas são abertas e, destas, 88 mil fecham as portas antes do primeiro ano
de idade, ou seja, 65%, causando uma perda financeira de R$ 16 bilhões ao ano.
Deveras, das principais causas de mortes de empresas verificadas, foi
identificado como a principal a falta de planejamento prévio antes da abertura
do negócio. Cumulativamente a isso, contribuíram para a falência dessas
empresas a falta de conhecimento sobre investimentos necessários e falta de
planejamento de despesas e custos (SEBRAE, 2008).
Ainda de acordo
com o SEBRAE (2008), boa parte dos novos empreendedores erra ao misturar as
finanças pessoais com gastos financeiros da empresa, sendo que, destes, 60% se
utilizam de recursos próprios para abrir o negócio. A pesquisa também aponta
como erro frequente o descontrole na gestão do caixa e a falta de objetivos em
longo prazo.
A escolha de uma
empresa no ramo de tecnologia está na importância que este setor adquiriu ao
redor do mundo nos últimos anos. Se antes a geração de riquezas era baseada em
bens tangíveis, atualmente a tecnologia quebrou este paradigma. Cada vez mais
as pessoas estão buscando na tecnologia soluções para diversos tipos de
atividades, que vão desde pedir um táxi até a análise de complexos indicadores
econômicos, por exemplo.
Como afirma
Rossetti (2007), todas as atividades foram afetadas pela evolução tecnológica,
graças à facilidade com que grande quantidade de informações pode ser
veiculada, principalmente pela internet.
Assim, o número
de empresas voltadas exclusivamente a soluções tecnológicas tem aumentado de
maneira exponencial nas últimas décadas. De acordo com a Interbrand,
empresa de consultoria global em criação e gerenciamento de valor, 28% das
empresas mais valiosas do mundo são de tecnologia. De acordo com o relatório
publicado pela empresa, Apple e Google aparecem na 1º 2 º posições,
respectivamente. A IBM e a Samsung estão entre as dez mais valiosas do mundo e
o Facebook se encontra na 23º posição (INTERBRAND,
2015).
Somente no
Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em 2006 o setor de TI possuía 65.754 empresas, empregando 673.024 pessoas e com
um faturamento anual de R$ 205,9 bilhões (IBGE, 2009).
Somando-se a
isso, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups),
em 2015 o país já contava com 4.151 novas startups, um crescimento de 18,5% em
um semestre (ABStartup, 2015).
De fato, boa
parte da popularização dessas empresas se deu devido ao aumento do acesso à
internet nas duas últimas décadas. Como afirma a pesquisa realizada pelo Comitê
Gestor de Internet no Brasil (CGI), em 2015 33,2 milhões de famílias têm acesso
a internet e 32% dos domicílios possuem computador pessoal (CGI, 2015).
Somando-se a isto, 28% dos usuários utilizam o telefone móvel como única forma
de acessar a ferramenta (IBGE, 2015).
Dessa forma, dada
a importância do tema, decidiu-se analisar o processo de planejamento
financeiro de uma empresa no segmento de tecnologia, mais especificamente como
ocorre o planejamento financeiro e a gestão de custos da filial de Fortaleza da
empresa de tecnologia Level 3, multinacional presente
3 continentes atuando em 60 países. Análise esta que consiste em descrever os
processos de planejamento financeiro, gestão de custos e otimização de
investimentos, visando as melhorias de investimento e gestão de custos.
Esta
pesquisa justifica-se pela importância que o planejamento financeiro tem dentro
de qualquer organização, e, sendo aplicado da maneira correta, torna-se uma
ferramenta poderosa na tomada de decisões sobre praticamente todos os aspectos
da empresa. O resultado deste estudo mostrará como uma empresa desse setor
realiza seu planejamento financeiro e sua gestão de custos e em como este
planejamento auxilia na tomada de decisões sobre investimentos futuros.
Neste
capítulo são apresentados os fundamentos teóricos existentes na literatura
acadêmica referentes ao planejamento financeiro sobre os quais a presente
pesquisa está apoiada. São eles: o processo de planejamento financeiro; o
processo de gestão de custos; o processo de investimentos e otimização de
custos.
Nesta seção são
apresentados os conceitos existentes na literatura cientifica em relação ao
planejamento, processo de planejamento, planejamento financeiro, planejamento
financeiro de curto prazo, planejamento financeiro de longo prazo, bem como
apresentar modelos simples de planejamento financeiro.
O ato de planejar surge
como uma necessidade de antecipação diante de possíveis problemas que possam
surgir ao longo de um projeto, com o objetivo de minimizar ou neutralizar riscos
e ameaças por meio de estratégias formuladas a partir deste planejamento.
Planejar é, em síntese, almejar um objetivo e, a partir deste, definir o
caminho pelo qual ele será alcançado (MAXIMIANO, 2009).
Segundo Chiavenato
(2003, p. 168), “Planejar é definir os objetivos e escolher antecipadamente o
melhor curso de ação para alcançá-los. [...] define onde se pretende chegar, o
que deve ser feito, quando e em que sequência”.
A definição de
objetivos permite que a empresa tenha controle sobre seu destino ao invés de se
submeter ao acaso, além de alocar com eficiência e eficácia recursos escassos
da organização. O próximo passo é estabelecer a estratégia que permitirá o
alcance eficiente dos objetivos estabelecidos, e escolher táticas e operações
que possibilitem a implementação da estratégia abordada. (CHIAVENATO, 2003).
Ainda de acordo com
Chiavenato (2003), portanto, conclui-se que os objetivos são resultados futuros
almejados pela organização, alcançados através do uso estratégico de recursos
disponíveis, sendo este uso planejado de modo a tornar aqueles objetivos em
realidade concreta. Ainda de acordo com o autor, há três níveis distintos de
hierarquia num planejamento, a saber: planejamento
estratégico – plano de caráter global, envolvendo toda a organização,
seus recursos e objetivos, visando resultados a longo prazo; planejamento tático – plano de caráter departamental,
envolvendo recursos e decisões centrais a cada departamento, com objetivos
delimitados ao médio prazo; e planejamento
operacional – planejamento de caráter mais imediato, abrangendo processos e
atividades minuciosas e específicas, sendo definido no nível operacional e
tendo seus objetivos definidos no curto prazo.
De acordo com Padoveze (2010), a empresa pode ser vista como um sistema
composto por três elementos básicos: entradas, processamento e saídas. Em
síntese, as entradas são entendidas como os recursos utilizados, processados
através das atividades operacionais, dando origem às saídas, ou seja, os
produtos e serviços vendidos no mercado. Portanto, o autor conclui que a
análise ambiental é a metodologia mais recomendada na elaboração de
planejamentos estratégicos, pois procura compreender a empresa dentro da
sociedade e dos negócios.
Do mesmo modo,
Chiavenato (2003) afirma que a análise dos ambientes interno e externo da
organização é feita de modo a identificar estratégias relevantes que a
organização deve adotar.
Conclui-se,
portanto, que o planejamento estratégico estabelece o modelo de gestão da
empresa, sua forma de atuação, sua estrutura organizacional, necessitando,
dessa forma, de um planejamento financeiro de longo prazo (PADOVEZE, 2010).
Para
Ross (2010) o planejamento financeiro define como uma empresa alcançará seus
objetivos financeiros. Além disso, estabelece diretrizes de mudança numa
organização, geralmente atuando a nível global, se preocupando com os
principais componentes das políticas de financiamento e investimentos da
empresa.
Na
visão de Gitman (2010, p. 105), “O planejamento
financeiro é um aspecto importante das operações das empresas porque fornece um
mapa para a orientação, a coordenação e o controle dos passos que a empresa
dará para atingir seus objetivos”. Assaf e Lima (2009) acrescentam que é
através do planejamento financeiro que se estabelece uma rentabilidade mais
satisfatória sobre os negócios da empresa, pois permite maior margem de
segurança na seleção de ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios da
organização.
Em resumo, Gitman (2010) pressupõe explicitamente início de um
planejamento financeiro passa pelo estabelecimento de um plano financeiro de
longo prazo ou estratégicos. Estes, por sua vez, orientam a formulação de
planos de curto prazo ou operacionais.
Planejamento
financeiro de longo prazo são ações visando objetivos realizáveis ao longo de
períodos de dois a dez anos, sendo, na maioria dos casos, revistos a cada cinco
anos diante de novas informações (GITMAN, 2010).
Esse
tipo de planejamento está envolvido com decisões relacionadas a investimentos,
capital e política de dividendos, pesquisa e desenvolvimento e fontes de
financiamento (GITMAN, 2010).
Ross
(2010), afirma que quase todos os modelos de planejamento financeiro de longo
prazo possuem os seguintes ingredientes: previsão
de vendas – elemento gerador, a partir do qual a maioria dos outros valores
serão calculados.; demonstrações
preliminares – envolve projeções de balanços, de DREs
e de fluxos de caixa, sendo o modelo de planejamento baseado nas projeções de
vendas; necessidade de ativos –
projeção dos gastos de capitais; necessidade
de financiamentos – parte do plano onde será discutida a política de
financiamento e dividendos e onde será concentrada decisões referentes a
empréstimos e caixa adicional; variável
de fechamento ou dividendo – utilizada quando da necessidade de “fechar” o
balanço diante de insuficiência ou excesso e premissas econômicas – projeção do cenário macroeconômico que a
empresa enfrentará durante o período do planejamento, sendo as premissas mais importantes
as taxas de juros e a alíquota do imposto de renda empresa.
Tendo sido o estabelecido o planejamento financeiro de
longo prazo, este fundamentará o planejamento de curto prazo, ou operacional.
Planejamento
financeiro de curto prazo visa a objetivos realizáveis a um período até dois
anos. Segundo Gitman (2010), os produtos gerados por
esse planejamento de curto prazo são os orçamentos operacionais, orçamento de
caixa e demonstrações financeiras.
Por
outro lado, visão de Ross (2010), decisões financeiras de curto prazo englobam
entradas e saídas de caixa no período de um ano ou menos.
O
início de um planejamento de curto prazo passa pela previsão de vendas que, por
sua vez, serve como base para a elaboração de planos de produção. Tendo sido
estabelecidos o tempo necessário para a transformação da matéria-prima em
produto final e a quantidade dos insumos necessários para esta transformação, a
organização tem como estimar a necessidade de mão-de-obra direta e indireta,
despesas operacionais e despesas gerais. Feito isso, são projetadas as demonstrações
de resultados, projeções do balanço patrimonial e do orçamento de caixa. Afirma
Gitman (2010, p. 106) “De modo geral, os planos e
orçamentos de curto prazo programam os objetivos estratégicos de longo prazo da
empresa”.
Ross
(2010) exemplifica que decisões financeiras de curto prazo envolvem fluxos de
caixa no período de um ano ou menos, como aquisições de maquinário e
matéria-prima para a produção de produtos que serão vendidos em um ano ou menos
e que uma decisão financeira de longo prazo seria aquela em que a compra de
determinado equipamento poderá reduzir os custos de fabricação nos anos
subsequentes a sua aquisição.
A
previsão de vendas será o primeiro passo para a elaboração de um planejamento
financeiro, servindo de base para as outras projeções futuras, como produção e
fluxo de caixa. Para Gitman (2010) esta previsão é o
elemento fundamental no processo de planejamento financeiro de curto prazo.
Como
dispõe Gitman (2010), há duas formas de análise de
previsão de vendas, sendo elas: previsão
externa – analisa a expectativa de vendas com base em informações de
indicadores externos, como política econômica, Produto Interno Bruto (PIB),
renda per capita e etc.; previsão interna – as informações são
obtidas dentro da empresa, através da análise de vendas dos anos anteriores,
conversas com vendedores.
Na maioria dos casos, essa previsão de vendas é
construída através da combinação de dados internos e externos, sendo os
internos utilizados como base para a previsão e os externos como forma de
ajuste dessas previsões a fatores econômicos gerais.
Como caracteriza Ross
(2010), o orçamento de caixa é uma ferramenta básica do planejamento
financeiro, ajudando na identificação da necessidade de financiamento a curto
prazo através da estimativa de superávit ou déficit.
De acordo com Gitman (2010), o orçamento de caixa é composto por dois
elementos: recebimentos – abrange
entradas de caixa durante um determinado período, como vendas à vista, cobrança
de direitos e demais recebimentos em dinheiro; desembolsos – diz respeito a todas as saídas de caixa durante
determinado período, geralmente composto por compras à vista, pagamento de
fornecedores, folha de pagamento, impostos, pagamento de juros, amortização de
empréstimos e etc.
Sendo um instrumento de
projeção de entradas e saídas de recursos de caixa, o orçamento de caixa
permite a identificação de necessidade de financiamento ou sobras de caixa para
investimentos (ASSAF; LIMA, 2014).
Como observa Assaf
(2014, p. 682) o orçamento de caixa “[...] permite acompanhar o nível de caixa
da empresa e efetuar os ajustes devidos tão logo ocorram os eventuais desvios
entre valores previstos (orçados) e os valores reais”.
Ainda de acordo com
Assaf e Lima (2014), a empresa deve dedicar atenção na elaboração do orçamento
de caixa, evitando excessos ou déficits, sendo ele um importante instrumento de
controle de liquidez.
Demonstrações
financeiras podem ser descritas como informações apuradas pelas empresas que
revelam seu desempenho em determinado exercício e que mostram sua efetiva
situação financeira (ASSAF, 2014).
Para as demonstrações
financeiras pró-forma, ou projetadas, Gitman (2010, p.118) afirma que “[...] representam metas e
objetivos da empresa para o período de planejamento”.
Para a elaboração de
uma demonstração de resultado do exercício pró-forma
ou projetada faz-se necessárias informações referentes a demonstrações
financeiras do ano anterior e a projeção de vendas do próximo ano (GITMAN,
2010).
Balanço patrimonial é
um retrato da empresa, sintetizando e organizando suas posses (ativos), suas
dívidas (passivos) e a diferença entre eles (patrimônio líquido) (ROSS, 2010).
O balanço patrimonial pró-forma, ou projetado, é elaborado de maneira subjetiva,
onde os valores de algumas contas são estimados ou pela porcentagem das vendas
ou através de suposições dos gestores (GITMAN, 2010).
Ainda de acordo com o Gitman (2010), algumas premissas podem ser utilizadas
quando da elaboração de um balanço patrimonial pró-forma,
como: estimativa de saldo mínimo de caixa; estabelecimento de valores máximos
de passivo, como por exemplo, considerar inalterados o valor de títulos e
bancos a pagar em relação ao ano anterior; estabelecer uma porcentagem de
compras de matéria-prima, bem como o vencimento do pagamento de fornecedores e
etc.
Nesta
seção são apresentados os fundamentos teóricos existentes na literatura
acadêmica referente a gestão de custos nos quais esta pesquisa está apoiada.
De acordo com Souza e
Clemente (2011), custos são expressões monetárias de bens e serviços consumidos
no processo de produção de outros bens e serviços.
Padoveze
(2003, p. 4) caracteriza “custos como sendo a mensuração econômica dos recursos
(produtos, serviços e direitos) adquiridos para a obtenção e a venda dos
produtos e serviços da empresa”.
Os custos estão
diretamente ligados aos produtos e serviços finais da empresa, incorporados
através dos gastos com matéria-prima, mão-de-obra fabril, embalagens e
aluguéis, entre outros (BRUNI; FAMÁ, 2012).
Despesas, por sua vez,
possuem natureza não fabril, não necessariamente repercutindo na elaboração de
produtos ou serviços prestados, estando associadas a gastos administrativos
e/ou com vendas de produtos ou serviços prestados pela empresa (BRUNI; FAMÁ,
2012).
Além disso, Bruni e Famá (2012) acrescentam que as despesas podem ser alocadas
à produção dos produtos como forma de analisar a lucratividade e o gasto de uma
unidade ou portfólio de produtos e serviços.
Como
os gastos de uma empresa se relacionam com os produtos produzidos por elas, o
foco central dos custos está em definir o quanto é gasto para produzir uma
unidade de cada tipo de produto fabricado e comercializado (PADOVEZE, 2003).
São várias as
naturezas dos gastos dentro de uma empresa, tendo, assim, vários objetivos.
Portanto, o processo classificatório tem como objetivo facilitar a
administração, apuração e análise de modelos de tomada de decisão (PADOVEZE,
2003).
A classificação dos
custos visa atender às necessidades gerenciais distintas durante as fases de um
projeto, sendo determinante para esta classificação o uso que se pretende fazer
da informação de custo (SOUZA; CLEMENTE, 2011).
Para
uma adequada gestão de custos, recursos, processos, produtos e serviços
torna-se necessário um estudo minucioso de todos os recursos gastos na empresa,
classificando-os de acordo com suas naturezas e objetivos (PADOVEZE, 2003).
Quanto
à forma de apropriação aos produtos, Souza e Clemente (2011) classificam os custos
envolvidos na produção como: diretos –
incluídos diretamente no cálculo da produção dos produtos, como mão-de-obra direta,
matéria-prima principal; indiretos –
para serem incorporados aos produtos, é necessário algum critério de rateio,
pois não são facilmente identificáveis nos produtos, como: seguros, alugueis,
salários com administração.
Já em relação ao volume de
produção os custos diretos e indiretos passam a ser
classificados como fixos ou variáveis quando se tem como referencial o volume
de produção (PADOVEZE, 2003). Já os custos analisados conforme o volume de
produção permitem analisar as variações nos custos totais e unitários em
relação a diferentes níveis de produção (BRUNI; FAMÁ, 2012).
Essa forma de
classificação é fundamental já na fase do projeto, já que deve prever o volume
de receita que deve ser gerado no período para o sustento do nível de atividade
planejado (SOUZA; CLEMENTE, 2011).
Conforme Bruni e Famá (2012), os custos do volume de produção são
classificados da seguinte forma: fixos
– existentes mesmo que não haja produção. Qualquer que seja o volume de
atividades da empresa em determinado período de tempo e capacidade instalada,
não variam. São exemplos de custos fixos aluguéis, depreciação, seguros, e
outros; variáveis – custos variáveis
têm seus valores alterados conforme o volume de produção. Quanto maior a
produção, maiores serão seus custos. Fazem parte desta natureza de custos
gastos com matéria-prima, embalagens; quanto maior a produção, maior o consumo de
ambos; semifixos - custos que permanecem fixos até certo
patamar; excedido o limite deste patamar, têm seu valor alterado, sendo
considerados, então, variáveis. Um exemplo pode ser o gasto com abastecimento
de água, onde o patamar é definido pela fornecedora do serviço; e semivariáveis –
correspondem a custos que não acompanham linearmente a variação da produção,
mas aos saltos, sendo fixos dentro de certos limites. Um exemplo desse tipo de
custo pode ser o gasto com supervisores, onde o número destes funcionários é
definido de acordo com o número de funcionários subordinados a eles. Aumentando
o número de funcionários supervisionados, aumenta-se também o número de
supervisores, aumentando assim o gasto com contratação e pagamento de
fornecedores.
Souza
e Clemente (2011) ainda classificam os custos quanto ao valor de registro. São
eles: histórico – quando o custo é
incorporado ao produto pelo valor da época de sua aquisição; reposição – quando incorporado ao
produto pelo valor atual ou de mercado; padrão
– quando incorporado ao produto por valores calculados a partir de estudos
anteriores ou especificações técnicas de processo.
Quanto à forma de
acumulação, Souza e Clemente (2011), classificam da seguinte maneira: por processo – custos por processos
estão associados a determinados períodos de tempo. Terminado o período
estipulado os custos são atribuídos às quantidades produzidas; por ordem de produção – são custos
referentes a produtos que possuem longos ciclos de produção, como navios, grandes
turbinas e obras de construção civil.
Quanto ao objeto de
custeio, os custos são definidos de acordo com as necessidades informacionais,
sendo apresentados em diferentes níveis de agregação, sendo que a agregação
mais comum é a por produto (SOUZA; CLEMENTE, 2011).
2.2.2 Contabilidade de
Custos
De acordo com Bruni e Famá (2012) a contabilidade de custos pode ser definida
como o uso ordenado dos princípios da contabilidade gerencial para o registro
dos custos de operação de um negócio.
Ainda na visão de Bruni
e Famá (2012), as funções básicas da contabilidade de
custos devem atender a três razões primárias: determinação do lucro – tornando dados ordinários dos registros
convencionais úteis à administração; controle
das operações – através da manutenção de padrões e orçamentos, com
comparações entre previstos e reais; tomada
de decisões – fornecendo informações sobre produção (o quê, quanto, quando,
e como fabricar), sobre formação de preços e escolha entre fabricação própria
ou terceirizada.
O objetivo principal da
contabilidade de custos foi a determinação dos custos dos produtos fabricados,
de modo a avaliar os custos dos estoques e da venda desses produtos, para a
obtenção do lucro da venda desses produtos. Em empresas comerciais, os únicos
custos envolvidos são os das mercadorias que serão revendidas; empresas
industriais, no entanto, precisam de matéria-prima, matérias auxiliares,
maquinário de produção, embalagens, mão-de-obra direta, dando origem a custos
como depreciação de máquinas e despesas com energia e outros insumos. (BRUNI;
FAMÁ, 2012).
Em
resumo, quanto mais processos, insumos, equipamentos e tempo são despendidos
com a produção de um produto, mais complexa é a apuração dos custos dos
produtos e sua contabilização (BRUNI; FAMÁ, 2012).
2.2.3 Gestão de Custos
Bruni e Famá (2012) caracteriza a gestão de custos como sendo uma
ferramenta de apoio ao processo de tomada de decisões.
A gestão moderna das
empresas visualiza os custos ao longo de toda a sua cadeia de valor de modo a
conseguir vantagem competitiva (SOUZA; CLEMENTE, 2011).
Por outro lado, a
Gestão Estratégica de Custos estabelece que os custos devam ser tratados como
consequências de investimentos baseados em estratégias já definidas, pois as
decisões envolvendo investimentos necessitam serem analisadas à luz do retorno
que propiciam, dos custos envolvidos em tais estratégias e dos custos que
ocorrerão caso ela seja abandonada (SOUZA; CLEMENTE, 2011).
O fundamento teórico
mais importante na contabilidade de custos é o método. Definido o método, todos
os processos decisórios acompanharão o método escolhido (PADOVEZE, 2003).
2.2.3.1 Métodos de Custeio
Métodos de custeio
identificam o custo unitário do produto ou de uma linha de produtos, partindo
do custo total dos custos diretos e indiretos (PADOVEZE, 2003).
Padoveze
(2003) afirma que a mensuração do método de custeio até fundamentalmente ligada
a três questões: os gastos e despesas que devem fazer parte da apuração dos
custos dos produtos; os custos que devem ser ativados enquanto este produto
está em estoque (não foi vendido); e definição da metodologia de cálculo e a
apuração do custo unitário dos produtos e serviços.
Como descrito por Souza
e Clemente (2011) o método por absorção é caracterizado como um sistema em que
todos os custos realizados durante a fabricação são apropriados ao produto.
Dessa forma, todos os recursos consumidos quando da fabricação de um produto,
direta ou indiretamente, integram o custo do produto.
Outro método é o de custeio direto ou variável, que consiste em atribuir
aos produtos somente os custos variáveis, sendo os demais custos fixos
associados a estrutura, portanto não atribuídos aos produtos (SOUZA; CLEMENTE,
2011).
O método de custeio ABC
(Actvity Based Costing), por sua vez, utiliza as atividades
desenvolvidas na organização para alocar os custos. Como atividade, entende-se
uma combinação de recursos humanos, tecnológicos, financeiros e materiais que
produzem bens e/ou serviços, sendo que estas atividades discorrem custos (BRUNI;
FAMÁ, 2012).
Complementa Padoveze (2013) que o objetivo
principal do método ABC é identificar os elementos causadores dos custos e
somente depois efetuar sua alocação.
Neste subcapítulo são apresentados
conceitos relativos a investimentos e otimização de custos existentes na
literatura acadêmica na qual esta pesquisa está apoiada.
2.3.1 Investimentos
Para Casarotto, e
Kopittke (2010, p. 92) "investir consiste em
renunciar um consumo no presente em troca de uma promessa de um retorno
satisfatório no futuro".
A tecnologia da informação se faz cada dia
mais presente nas empresas, pois ela veio para automatizar, tornar os processos
mais rápidos e eficazes. Por esta razão, gera-se a necessidade e procura por
investimentos na área tecnológica (FARIAS; MUNIZ, 2012).
Para gerir um
investimento, o início dá-se no processo de gestão dos recursos, onde se tem um
objetivo e, à partir deste, são aplicadas três etapas. A primeira etapa
consiste na definição, nela a governança define os objetivos, aloca os recursos
e estrutura o investimento. A segunda etapa é a execução, onde ocorre a seleção
dos gestores e a implementação das estratégias. Por último, na terceira etapa,
é realizada a monitoração, onde há uma avaliação do retorno e dos riscos do
investimento e uma fiscalização ao atendimento à legislação e aos mandatos
(CARDOSO, 2012).
A gestão do
investimento é de suma importância para as empresas, devido à forte
concorrência e a globalização. É através de uma boa gestão que pode-se mensurar
a permanência da empresa no mercado (LIZOTE, et al., 2014).
2.3.2
Administração de Investimentos
Administração de investimentos é a ferramenta que
planeja, organiza, dirige e controla o uso dos recursos financeiros de uma
empresa. É por meio dela que as empresas atingem seus objetivos e metas. Para
administrar investimentos, é preciso planejar, controlar e executar de maneira
que os recursos da empresa possam gerar receita. Este processo demanda tempo e
trabalho. Pode ocorrer em uma empresa que está iniciando ou em uma empresa que
já está no mercado e visa expandir seus negócios, e qualquer aplicação de
capital com finalidade de expansão da produção, consiste em investimento. O
investimento de produção cria valor para a empresa quando a taxa de retorno
sobre o capital é maior ou se iguala ao custo total do capital. Para que se
tenha retorno em um investimento, só é possível com a boa administração dos
recursos financeiros e administrativos (SOUZA; DIEHL, 2009).
Segundo Souza e Diehl (2009), para projetar um
investimento, são necessárias três etapas: previsão
financeira; projeção dos fluxos financeiros do investimento; análise de
investimentos.
Na área da Tecnologia da
Informação (TI), a gestão dá-se por medir e gerenciar, com o objetivo de se
fazer mais com menos. Apesar de saber quanto custa a operação, muitos gestores
ainda veem a TI como uma caixa-preta que gera gastos significativos e
crescentes, por causa da falta de transparência. Dar visibilidade a esses
custos pode ajudar às empresas a aumentar o foco nos investimentos em TI, e
otimizar a utilização de seus recursos (internos e externos), de modo a
contribuir pra os resultados positivos das empresas (PEDRASSA, 2012).
A gestão de risco é uma
medida preventiva, que tem por finalidade reduzir ao máximo a probabilidade de
algo vir a dar errado. É necessário planejar o risco, para que se ele ocorrer,
não destrua ou desestabilize tudo o que foi realizado. Ao identificar o
possível risco, seu impacto é avaliado, em seguida é planejada uma resposta ao
risco, onde é montado um plano de ação para cada um deles e em seguida, se for
achado o risco, há uma monitoração dele (CLEMENTS; GIDO, 2014).
Ainda de acordo com Clements e Gido (2014), em
finanças existem uma série de alternativas e métodos com finalidade de mensurar
um investimento em condição de incerteza ou risco. Todos esses mecanismos
ajudam a mensurar riscos, minimiza-los e tentar preveni-los, mas nenhum deles é
totalmente eficaz, pois o futuro é imprevisível e não se pode precisar com
certeza o que irá ou poderá acontecer, por essa razão é importante analisar e
estar preparado para quando possíveis eventualidades ocorrerem.
Segundo Filho e Kopittke (2010), são usadas três alternativas para a
resolução do problema em condição de incerteza: uso regras de decisão às
matrizes de decisão; análise de sensibilidade: quando não tem nenhuma
informação sobre a distribuição de probabilidades; simulação: quando tem uma
informação para que ela possa virar risco, diante da incerteza.
A matriz de decisão é uma tabela que relaciona
alternativas a diferentes eventualidades futuras. A análise de sensibilidade
estuda o efeito que a variação de um dado de entrada pode afetar no resultado.
A simulação é quando se analisa a sensibilidade com outras variáveis. Um dos
métodos bastante usado em diversas áreas é o uso da árvore de decisão. É uma
forma gráfica e bastante útil para visualizar as consequências de decisões
atuais, futuras e eventualidades. A árvore ajuda a entender e controlar muitos
problemas de possíveis investimentos de risco (CASAROTTO; KOPITTKE, 2010).
2.3.3
Otimização de Custos
Diante do cenário desafiador
da crise no Brasil, as empresas de tecnologia não sofrem grandes impactos, pois
sempre haverá necessidade de inovação. Por esse fator, os investidores da área
sentem uma maior segurança e percebem que o risco, quando estudado e analisado,
tende a ser mínimo (PERILLO, 2015).
De acordo com Klein (2016),
embora sistemas e equipamentos de TI possuírem alto valor de investimento,
estes são extremamente importantes e trazem diversas melhorias para o negócio.
Como exemplifica o autor, um estudo intitulado The Era I Enterprise: Ready for Anything mostra que, na opinião de 300 executivos de 10
indústrias, a TI facilita a interação com os consumidores, potencializa o
trabalho, melhora a produtividade e amplia a geração de receitas. É notório que
se investindo em tecnologia, mesmo sendo dispendioso em termos financeiros, o
retorno gerado será compensatório para o negócio.
A primeira etapa para a redução
de custos nas empresas de tecnologia é a identificação de fatores internos,
para que se possa medir o que são formadores de custos. O investimento em
tecnologia não pode ser visto apenas como percentual aumento de receita, o que
ele traz é muito maior do que apenas essa questão (PEDRASSA, 2012).
Existem diversas empresas de
tecnologia, que conseguem reduzir custos e otimizar seus investimentos, como é
o caso da Gartner,
multinacional norueguesa que há 14 anos dedica-se às empresas na otimização dos
seus investimentos em sistemas de informação, que vão desde ativos de software
a licenciamento na cloud. (REVISTA IT INSIGHT, 2016).
São descritos nos subcapítulos seguintes os procedimentos
metodológicos que possibilitaram a esta pesquisa o alcance dos objetivos
específicos propostos.
Como caracteriza Marconi e Lakatos
(2010, p. 139), pesquisa é “procedimento formal, com método de pensamento
reflexivo, que requer um tratamento cientifico e se constitui no caminho para
conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Dessa feita, a
presente pesquisa é do tipo exploratória-descritiva.
Na
opinião de Cervo e Bervian (2003), a pesquisa
exploratória não elabora hipóteses a serem testadas no trabalho, servindo, no
entanto, como auxílio para a elaboração de hipóteses para estudos posteriores;
dessa forma, seu principal objetivo é familiarizar-se com o fenômeno ou
descobrir novas ideias.
A
pesquisa descritiva busca por precisão durante a análise de dados, à procura da
frequência de ocorrência de determinado fenômeno, bem como a relação deste com
diversas situações (CERVO; BERVIAN, 2003).
Quanto
à natureza, a presente pesquisa é qualitativa, que de acordo com Strauss e Corbin (2008) tem como característica dados que não podem
ser colhidos através de meios estatísticos ou quantitativos.
No que
diz respeito ao procedimento de investigação, foram utilizadas a pesquisa
bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo.
A pesquisa bibliográfica diz respeito a toda
bibliografia publicada referente a um determinado assunto, desde teses,
monografias, livros, revistas, até arquivos de audiovisual, gravações em fita
magnética, rádio e outros (MARCONI; LAKATOS, 2010).
Para
Marconi e Lakatos (2010), a pesquisa de campo adquire
mais informações e conhecimento sobre determinado assunto, de modo a responder
uma pergunta ou corroborar/falsear uma hipótese, além de descobrir novos
fenômenos ou relação entre eles.
A
pesquisa documental é caracterizada pela análise de documentos, escritos ou
não, ligados ao fenômeno estudado, tais como documentos jurídicos, leis,
fotografias, correspondência, dados estatísticos, balancetes e outros (MARCONI;
LAKATOS, 2010). Para a presente pesquisa, serão analisadas informações
referentes ao planejamento financeiro, tais como balanços patrimoniais,
demonstrações de resultado do exercício e documentes referentes a decisões de
investimentos e otimização de custos.
A aplicação de tais processos técnicos contribuiu para
conhecer o processo de planejamento financeiro e otimização de custos da
empresa em questão.
O estudo de caso tem como característica o estudo
profundo de um ou mais objetos, visando ampliar o conhecimento acerca destes.
Tem como objetivos principais a exploração da vida real e de seus limites,
muitas vezes, indefinidos, além da descrição do contexto situacional no qual a
investigação está sendo feita. Sua utilização dá-se em situações onde as
variáveis de determinado fenômeno não podem ser analisadas através de
levantamentos e experimentos (GIL, 2010).
A partir dessas considerações, a presente pesquisa
utilizou como estudo de caso o processo de planejamento financeiro da empresa
de tecnologia Level 3, e como este planejamento
contribui no processo decisório sobre investimentos e otimização de custos.
A escolha da referida empresa para a elaboração deste
trabalho justifica-se por sua atuação no mercado de soluções tecnológicas,
mercado este em expansão exponencial diante da crescente demanda por produtos e
serviços com grande dependência da tecnologia e do acesso à internet.
Universo ou população é o conjunto de seres, animados ou
inanimados, que apresentam características em comum. Sua delimitação diz
respeito a especificar que pessoas, coisas ou fenômenos serão pesquisados
através de suas características em comum (MARCONI; LAKATOS, 2010).
A
população-alvo em questão nesta pesquisa são as empresas de tecnologia,
delimitada pela empresa de tecnologia Level 3.
Segundo afirma Marconi e Lakatos
(2010), amostra pode ser entendida como uma parte, porção ou parcela,
convenientemente selecionada do universo (população), que pode ser tanto
probabilística como não-probabilística.
A amostra não-probabilística constitui-se de elementos
que o pesquisador considere representativos da população-alvo, sem, contudo,
levar em consideração dados estatísticos. Também se podem utilizar amostras não
probabilísticas quando da seleção de elementos levando-se em conta a facilidade
de acesso a estes (VERGARA, 2009).
Em relação a presente pesquisa, a amostra selecionada foi a
não probabilística, pois foram utilizados critérios subjetivos, como a função
desempenhada na empresa. Como amostra, utilizou-se o responsável pelo setor
financeiro da empresa de tecnologia Level 3.
De acordo com Marconi e Lakatos
(2010), a organização e elaboração dos instrumentos de investigação é uma etapa
importante no planejamento da pesquisa.
Ainda segundo Marconi e Lakatos
(2010) a entrevista tem como característica o encontro entre duas pessoas a fim
de que uma delas adquira informações sobre determinado assunto através da
conversa profissional feita de maneira metódica.
A
entrevista não-estruturada oferece ao entrevistador liberdade para desenvolver
cada situação na direção que considerar adequada e relevante, pois as perguntas
são abertas e podem ser respondidas numa conversa informal (MARCONI; LAKATOS, 2010).
A
entrevista focalizada orienta a conversa através de formulários abertos,
oferecendo liberdade tanto para o pesquisador quando para quem está sendo
entrevistado (ANDRADE, 2005). Além da entrevista não-estruturada focalizada,
foi efetuada a pesquisa documental, de modo a analisar as informações contidas
no balanço patrimonial e as demonstrações de resultado do exercício a fim de
entender o planejamento financeiro e a gestão de custos da Level
3.
O teste-preliminar ou pré-teste tem como objetivo averiguar a
validade do instrumento de coleta de dados. Consiste em testar os instrumentos
de pesquisa sobre uma pequena parcela da amostra de modo a evitar que a
pesquisa atinja resultados falsos (MARCONI; LAKATOS, 2010).
Na presente pesquisa, pré-teste foi realizado no dia 15
de setembro, com funcionários da filial de fortaleza da empresa de tecnologia Level 3.
O instrumento de coleta de dados utilizado foi a
entrevista não estruturada focalizada. A entrevista foi aplicada com o gestor
do setor financeiro da Level 3, onde respondeu a
perguntas sobre o processo de planejamento financeiro e processo de gestão de
custos. O primeiro contato com o entrevistado foi por telefone, para marcar a
entrevista. Também foram analisados documentos pertinentes a esta pesquisa.
A Carta de Autorização de participação da empresa no estudo de
caso foi elaborada de acordo com o modelo e entregue para a empresa assinar e
autorizar, no mês de outubro, conforme (Apêndice A, p. 30).
Neste subcapítulo são explanados os métodos de coleta,
tabulação e tratamento dos dados coletados.
Coleta de dados pode ser entendida como a fase do método
de pesquisa onde são utilizadas técnicas específicas para a reunião de dados (PRODANOV;
FREITAS, 2013). Para a devida coleta dos dados, foi realizada a entrevista
não-estruturada com o gestor do setor financeiro da empresa de Tecnologia Level 3, que ocorreu no dia 1º de outubro de 2017, conforme
(Apêndice B, p. 31).
Como afirmam Markoni e Lakatos (2010), a tabulação consiste em dispor os dados em
tabelas para a melhor compreensão e interpretação destes e, além disso, para
possibilitar a verificação da inter-relação entre eles.
A tabulação foi realizada através do Microsoft Office Excel, bem como do Microsoft Office Word, pois disponibilizaram recursos de
agrupamentos e disposição de dados relevantes para a análise e interpretação
dos dados.
Tendo sido tabulados, os dados precisam ser analisados e
interpretados. A análise constitui-se na fase em que se verifica se os dados
colhidos estão relacionados aos fenômenos estudados e sua relevância em relação
aos objetivos da pesquisa (BARROS; SOUZA, 2007).
Para a
presente pesquisa, a técnica de tratamento de dados utilizada foi a análise de
conteúdo, que na visão de Barros e Souza (2007) é a mais adequada para questões
mais complexas de categorização de dados, com as de caráter qualitativo.
Este capítulo tem a finalidade de
apresentar os resultados alcançados com a presente pesquisa. Nos subcapítulos
subsequentes estão detalhados o estudo de caso, os dados obtidos e os
resultados provenientes destes.
Esta pesquisa tem como objeto de
estudo a empresa de soluções tecnológicas Level 3. A Level 3 Communications,
Inc. é, atualmente, uma provedora global de alto padrão em serviços de comunicação,
promovendo e fortalecendo a eficiência e a segurança das empresas-clientes em
todo o mundo.
A empresa teve seu início como uma
filial de uma empresa do ramo de construções que, também, já tinha criado uma
das primeiras transportadoras locais competitivas, a MSF Communications. Em 1998, no entanto, o foco dos negócios foi mudado
e a organização passou se dedicar ao desenvolvimento de redes de comunicações
baseadas em instalações ponta-a-ponta com o objetivo de fornecer serviços de
comunicação de IPs, passando a se chamar Level 3 Communications.
Neste mesmo ano, ações comuns da empresa foram negociadas no mercado de ações
da NASDAQ, sob o símbolo LVLT. Desde 2011, suas ações ordinárias são negociadas
no mercado de ações da Bolsa de Valores de Nova York sob o mesmo símbolo.
Atualmente, a Level
3 atende clientes em mais de 500 mercados, presente em 60 países, abrangendo
três continentes. (LEVEL 3, 2017)
O planejamento pode ser resumido
como o ato de formular estratégias que antecipem possíveis problemas e, a
partir disso, neutralizar ou minimizar riscos e ameaças (MAXIMIANO, 2009).
Complementa Chiavenato (2003) que o planejamento está divido hierarquicamente
em planejamento estratégico, tático e operacional.
Conforme explica Gitman (2010), o planejamento de longo prazo envolve
decisões relacionadas a investimentos, capital e dividendos, fontes de
desenvolvimento e pesquisa e desenvolvimento.
Acerca do planejamento estratégico,
que abrange a organização de modo global, pode-se observar que, de acordo com
os resultados obtidos através da entrevista com o gestor, grande parte das
decisões acerca do planejamento financeiro e estratégico da filial de Fortaleza
– assim como todas as filiais espalhadas pelo mundo, segue conforme critérios
estabelecidos na matriz no exterior, avaliando necessidades, fortalezas e
fraquezas da organização. O planejamento financeiro de longo prazo é definido
através das expectativas de investimentos e ingressos de recursos.
No esclarecimento de Gitman (2010), a previsão de vendas é a base na qual se
fundamenta outras projeções futuras, ou seja, elemento importante no processo
de planejamento financeiro. Na Level 3, a análise da demanda de cada região é fator
determinante para decisões sobre previsão de vendas e alocação de recursos.
Somando-se à análise regional, a renegociação de contratos em curso e a
prospecção de novos contratos também determinam a previsão de vendas.
Ross (2010) caracteriza o orçamento
de caixa como ferramenta importante no planejamento financeiro, sendo por ele
identificada a necessidade de financiamento através das estimativas de
superávit ou déficit. Na empresa pesquisada no estudo de caso, o orçamento de
caixa está atrelado às regras da matriz, levando-se em conta os ingressos e
saídas de recursos planejados.
Elaborado de maneira subjetiva, o
balanço patrimonial pró-forma é ferramenta usada na
projeção dos valores de ativos e passivos da organização. Conforme os dados
colhidos na presente pesquisa, o balanço patrimonial pró-forma
é realizado trimestralmente, para acompanhamento dos resultados e do índice
financeiro.
Para Padoveze
(2003), custos são os valores dos recursos utilizados na produção de bens e
serviços. A gestão estratégica de custos visualiza os custos ao longo de toda a
cadeia de valor do produto e/ou serviço, tratando-os como consequência de
investimentos de estratégias implantadas e, principalmente, avaliando os custos
remanescentes de estratégias abandonadas (SOUZA; CLEMENTE, 2011).
Ainda seguindo diretrizes da matriz
no exterior, a gestão de custos tem como principal objetivo o aumento da margem
de lucro sem, contudo, afetar a qualidade dos serviços prestados. Por ser uma
prestadora de serviços e não uma indústria, seus custos principais estão
relacionados com a prestação desses serviços e a geração desses custos depende
da demanda necessária como, por exemplo, a contratação de links de terceiros
para a transmissão. A otimização desses custos faz-se de acordo com a natureza
destes, que podem ser: Serviços de terceiros
– subcontratação de serviços, por exemplo; Custos
gerais dos serviços – os chamados custos indiretos, como energia,
manutenção da infraestrutura e outros.
Segundo Casarotto e Kopittke (2010),
investimentos podem ser entendidos como a renúncia de consumo presente visando
retornos satisfatórios no futuro.
A gestão de
investimentos tem início na gestão dos recursos empregados nas atividades da
organização. A gestão de investimentos obedece à três etapas distintas:
definição de objetivos, onde são alocados recursos e definida a estrutura de
investimentos; a segunda etapa é a execução, onde gestores são selecionados e
estratégias implementadas; e a terceira etapa é a monitoração de avaliação dos
retornos e dos riscos do investimento (CARDOSO, 2012).
O processo
de análise dos investimentos a serem realizados na empresa também segue as
diretrizes da matriz, sendo avaliados segundo com a identificação de novos
mercados, estudos da necessidade de novos equipamentos, serviços de terceiros
nos projetos e cálculo do retorno do investimento.
Segundo
explica Clements e Gido
(2014), a gestão de riscos tem como finalidade o planejamento dos riscos, de
modo que, se os riscos ocorrerem, não destruam ou desestabilizem os resultados
conquistados.
Na empresa
pesquisada, os riscos envolvidos nos projetos são mensurados a partir de
projetos onde já está definido o quanto será possível gerar de novos serviços
ou pré-contratos. Ou seja, os riscos são avaliados de acordo com os riscos
gerados em projetos semelhantes.
O início de toda organização passa
pelo estabelecimento de um planejamento financeiro sólido, levando-se em conta
a estrutura de investimentos necessários para seu crescimento e
competitividade, e a gestão dos custos envolvidos no seu funcionamento.
O propósito deste trabalho foi o de
conhecer e analisar o processo de planejamento de uma empresa do ramo de
tecnologia, bem como a gestão de seus custos e sua política de investimentos. A
escolha deste tipo de empresa foi motivada pela importância que este setor
adquiriu nos últimos anos. A evolução tecnológica gerou uma demanda crescente
por soluções ligadas à tecnologia, com pessoas conectadas em todas as partes do
planeta e um número cada vez maior de informações circulando através da
internet. Além disso, é inquestionável que o número dessas empresas cresça ao
longo dos anos, como foi observado na pesquisa.
Para a análise dos dados obtidos,
esta pesquisa foi baseada nas informações encontradas em fontes bibliográficas
e em informações colhidas junto à organização.
Através dos dados obtidos, é
possível observar como o planejamento financeiro é a pedra angular na qual a
empresa está fundamentada. Por tratar-se de uma organização que presta serviços
de tecnologia, seus custos estão diretamente ligados na prestação desses
serviços, diferentemente de uma indústria, cujos custos estão atrelados à
transformação de insumos em produtos finais.
A preocupação observada em gerir
custos e riscos tem como principal foco a qualidade dos serviços prestados, bem
como o aumento da margem lucrativa da empresa. Os investimentos são calculados
com base em contratos anteriores e na expectativa de novos contratos baseados
na demanda regional.
A principal limitação do estudo foi
colher informações mais detalhadas, pois boa parte do planejamento é feito na
matriz do exterior, sendo de acesso exclusivo aos funcionários da respectiva
empresa. A filial de Fortaleza ainda é dependente de decisões tomadas na
matriz. Como recomendação de melhoria, a Level 3
poderia considerar decisões mais enquadradas às localidades e às peculiaridades
regionais nas quais suas filiais estão inseridas, de modo a adequar seus
investimentos aos serviços mais procurados em cada região, pois a dependência
de decisões tomadas fora do âmbito de atuação da filial pode gerar gastos e
custos desnecessários.
Como mencionado anteriormente, o
crescente número de empresas que lidam com soluções tecnológicas em solo
brasileiro amplia o campo de estudo de tais empresas, estudos estes que podem
analisar o impacto de suas atividades nas comunidades nas quais estão
inseridas, a geração de novos hábitos de trabalho e em como a perspectiva de
atuar nessas empresas influencia a formação acadêmicas dos jovens das
respectivas comunidades.
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Autorização
de Participação da Empresa no Estudo de Caso
Fortaleza, 01 de outubro de 2017.
Eu, CAMILA HOLANDA BITU e EMMANUELLA
DA COSTA SILVA, alunas do Curso de Graduação em Administração do Centro
Universitário 7 de Setembro (UNI7), sob orientação do Prof. Ricardo Coimbra,
solicito permissão para obter voluntariamente de sua empresa informações que
serão utilizadas, após tratamento, na forma de estudo de caso a ser inserido na
pesquisa em andamento sobre "Planejamento financeiro e gestão de custos da
filial de Fortaleza da empresa de tecnologia Level
3".
As informações declaradas
nesta pesquisa serão mantidas em sigilo, como também o anonimato da empresa e
do respondente.
No aguardo do aceite,
agradecemos a atenção dispensada.
Camila Holanda Bitu Pesquisadora |
Emmanuela da Costa
Silva Pesquisadora |
|
Prof. Ricardo Aquino Coimbra Orientador da Pesquisa |
|
HENRIQUE BORGES Diretor (Assinatura e Carimbo) |
Como se observa abaixo, estão as perguntas
utilizadas na coleta dos dados pertinentes para a elaboração deste trabalho.
1.
Quais os critérios levados em consideração durante a
realização do planejamento financeiro de curto prazo? E durante o de longo
prazo?
2.
Como é realizada a previsão de vendas?
3.
Quais os critérios levados em consideração durante o
orçamento de caixa?
4.
É realizado um balanço patrimonial pró-forma?
5.
Como ocorre a gestão dos custos da empresa (volume de
produção, aquisição de novos produtos, estoque, etc)?
6.
Quais os métodos utilizados na gestão de custos?
7.
Como são administrados os custos? Existe otimização de
custos?
8.
Por ser uma multinacional, a filial de Fortaleza depende de
resultados de outros países ou consegue “caminhar” sozinha?
9.
Explique o processo de análise de investimentos a serem
realizados na empresa.
10.
Explique o método utilizado na mensuração dos riscos de
investimentos.
11.
O fato de a empresa ser de capital aberto influencia na
gestão de custos e investimentos?