APLICAÇÃO DO PROBLEMA DE ROTEAMENTO DE VEÍCULOS CLÁSSICO (PRVC) NA EMPRESA SIGMA
Ryan Gadelha Sousa
Graduando do Curso de Engenharia de Produção do Centro
Universitário 7 de Setembro (UNI7).
Natália Varela da Rocha Kloeckner
Professora adjunta do curso de
Engenharia de Produção do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7). Mestre em
Logística e Pesquisa Operacional pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Graduada em Economia pela UFC. Professora de cursos de graduação e pós-graduação
da UNI7 e Faculdade Ari de Sá.
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo evidenciar reduções
significativas no custo de transporte com a aplicação da roteirização em uma
empresa transportadora de combustíveis, denominada empresa Sigma. Tal
ferramenta visa à otimização das rotas através da diminuição das distâncias e
consequentemente diminuição dos custos transporte. O artigo foi realizado
através de um estudo de caso, configurando o método como exploratório
descritivo além da utilização de pesquisa bibliográfica, em livros e artigos
bem como pesquisa documental, através de relatórios da empresa objeto de
estudo. Ainda sobre o método, foi utilizado uma pesquisa de campo no setor de
planejamento logístico, com análises quantitativas, de forma a aplicar a
resolução do problema de roteamento de veículos clássico na operação de entrega
em postos de combustíveis em Fortaleza e região metropolitana. Por fim foi
analisado o cenário atual com o cenário gerado com o modelo do PRVC quantificando
as reduções no custo de transporte.
PALAVRAS-CHAVE: Combustíveis.
Otimização. Problema de roteirização. Roteamento. Roteirização.
ABSTRACT
The
present study aims to demonstrate significant reductions without transportation
costs with a routing application in a fuel transportation company, denominated
Sigma. Field is aimed at optimizing routes by reducing distances and
consequently reducing transport costs. The article was carried out through a
case study, configuring the method as descriptive exploratory beyond the
application of bibliographic research, in books and articles as well as
documentary research, through the proposed article. Also on the method, a field
survey without logistics planning sector was used, with quantitative analyzes,
in order to apply the resolution of the problem of classic truck routing in the
delivery operation at fuel stations in Fortaleza and metropolitan region.
Finally, we analyzed the current scenario with the scenario predicted with the
PRVC version quantifying how reductions in transportation costs.
KEYWORDS: Fuels. Optimization. Roleplaying problem. Routing. Scripting.
Diante do cenário atual da
economia brasileira, grandes empresas fecharam suas portas e outras foram
gravemente afetadas nos mais diversos segmentos. As empresas passaram a buscar
novas soluções, usando a logística para obter competitividade e assim ganhar
novos negócios (NOVAES, 2007). O que muitas não visualizam é que é necessária a
integralização dos diversos setores que a componham bem como a utilização de
metodologias existentes no mercado.
No âmbito empresarial a logística
se desenvolve com a necessidade de não ser mais classificada como um
departamento de ações corretivas, mas sim de caminhar para uma estratégia
empresarial integrada, tendo como principal objetivo apoiar as necessidades
operacionais de compras, produção e atendimento as expectativas do cliente
(CAXITO, 2011).
Logística é o processo de
planejamento, implantação e controle de fluxo eficiente e eficaz de mercadorias
até seus clientes, além dos produtos também temos fluxos de serviço (BALLOU,
2006). Nesse contexto, “os transportes têm a função básica de proporcionar
elevação na disponibilidade de bens” (MARTINS; CAIXETA-FILHO, 2014, p. 16). Na parte da informação a
logística possui uma grande importância para disseminá-la, podendo de acordo
com sua formulação, ajudar ou prejudicar os esforços mercadológicos (NOVAES,
2007).
Com uma fração relevante nos
custos das indústrias e exportadores, as despesas de transporte, manutenção de
frota e armazenagem (KEEDI, 2015) apresentam hoje um desafio imenso no
segmento. A roteirização apresenta-se como uma possível ferramenta de
otimização para as operações dos veículos. Com ela é possível planejar as rotas
de entregas, aumentar o índice de atendimento por faixa horária dos clientes,
reduzir o consumo de combustíveis, reduzir os gastos com pneus e manutenção
além de melhorar a qualidade das informações junto ao cliente (MATOS JUNIOR et al., 2014).
Analisando um trabalho semelhante
foi visto uma redução média de 1,57% no índice de devoluções, consequentemente
redução nos custos de transporte impactando diretamente no nível do serviço aos
clientes. A taxa de ocupação dos veículos aumentou 7%, gerando redução no frete
bem como permitindo uma melhor utilização dos recursos, entregando mais com
menos e dependendo da relação da sua oferta e demanda é possível também uma
redução da frota. Uma última melhoria foi um aumento de 7,32% no índice de
entregas realizadas com sucesso (MATOS et al., 2014).
Roteirização é a forma de
representar o processo para a determinação de roteiros em um conjunto de
entregas por veículo. Com uso de qualquer ferramenta de mapa na internet é possível criar esses roteiros
para entregas sem considerar restrições, isto é, faixa horária de recebimento
no cliente, jornada de trabalho do motorista, restrições de transito dentre
outras. Elaborar boas soluções para o problema de roteirização torna-se cada
vez mais complicado na medida em que novas restrições são inseridas (BALLOU,
2006), nessa situação é indicado o uso de softwares
com modelos matemáticos específicos para a operação.
A informação sempre foi um
elemento importantíssimo nas operações logísticas. Porém, com os benefícios dos
avanços tecnológicos da atualidade, é proporcionada uma força motriz para a
estratégia competitiva da logística (CAXITO, 2011). A tecnologia da informação
alinhada ao estudo de roteirização proporciona de forma simplificada uma
maximização de resultados e minimização de custos.
No estudo de Amaral et al. (2014),
foi aplicada uma técnica de roteirização para cargas fracionadas. A equipe
utilizou um software de otimização,
sendo visível a redução nos percursos de transporte por meio da reprogramação
da malha, observando os critérios da técnica de roteirização. Em números,
tiveram 18,3% na redução do percurso e 69,8% na quantidade de veículos.
Na aplicação da roteirização em
uma rede atacadista. Os cenários gerados puderam levar as decisões das mais
distintas, com relação, por exemplo, ao tipo de veículo a ser utilizado. Foi
possível, também, identificar entre os cenários gerados alguns com melhor
desempenho global, onde em um deles foram testadas condições com menos
restrições, gerando aumento da utilização média da frota e diminuindo o tempo
total de viagem e distancia percorrida (FARKUH; LIMA, 2006).
O problema do presente estudo é responder como a roteirização de
veículos na operação de transportes de combustíveis em Fortaleza e região
metropolitana pode influenciar na redução do custo de transporte?
O objetivo geral é analisar a roteirização de veículos na operação de
transportes de combustíveis em Fortaleza e região metropolitana na empresa
Sigma. Os objetivos específicos teóricos
deste estudo são: descrever o sistema de transporte de combustíveis no Brasil e
descrever os tipos de roteirização de veículos.
Já os objetivos específicos empíricos deste estudo são: descrever a
operação de transportes de combustíveis em Fortaleza e região metropolitana na
empresa Sigma, descrever o modelo de roteirização atual, adaptar um modelo
matemático de roteirização de veículos de forma a atender as necessidades do
problema solucionando-o, aplicar a roteirização de veículos, identificar se a
roteirização de veículos influencia na redução do custo de transporte e
comparar o modelo gerado com o anterior.
O trabalho é composto por mais
quatro seções, descritas a seguir. Na segunda seção é apresentado a teoria a
respeito da logística de combustíveis no transporte rodoviário. A terceira
seção apresenta o assunto roteirização, explanando os problemas clássicos de
roteirização e aplicações práticas. Na quarta seção é apresentado o estudo de
caso, contendo informações sobre a operação de entrega de combustíveis bem como
a aplicação do modelo adaptado do problema de roteamento de veículos clássico. Na
quinta e última seção é apresentado os resultados obtidos da aplicação do
modelo na empresa Sigma.
2.1 SISTEMA DE TRANSPORTE
Nesta subseção, foi
apresentado o transporte rodoviário, com um breve histórico no Brasil. Em
seguida foi apresentado o transporte de combustíveis bem como sua logística.
O sistema de
transporte pode ser definido como um conjunto de atividades que trabalham de
forma integrada, necessárias para o deslocamento de pessoas e cargas em um
determinado trecho. Essas atividades envolvem recursos, podendo ser eles
materiais, humanos, financeiros e intelectuais (AGOSTO, 2015).
Com a integração
dos espaços geográficos ao longo da história, a preocupação governamental era
criar soluções que permitissem produzir e escoar entre seus estados e para
outros países. Pondo em prática um programa de privatizações, adotando um
modelo de concessões nas rodovias e privatizando o ferroviário. Além de realizar
um arrendamento das suas linhas, equipamentos e instalações, o governo procurou
avançar na operação e administração do sistema (GORDINHO, 2003).
Apesar do imenso
crescimento das oportunidades pela duplicação do fluxo de comércio do país nos
anos mais recentes, os diversos modais de transporte apresentaram uma queda
expressiva, perdendo grandes oportunidades e ocasionando redução no valor
adicionado nacional (BARAT, 2007). Tal valor gera impacto direto no PIB do
país.
Atualmente as
ferrovias não formam uma boa rede de cobertura no país. No transporte marítimo
as opções também não são amplas. Na distribuição interna, o transporte
rodoviário abrange uma fatia exorbitante no transporte de produtos
manufaturados (NOVAES, 2007), ainda que sua estrutura seja precária. O
transporte rodoviário alterou, de forma deliberativa, a economia geográfica do
país, integrando novas fronteiras de produção e consumo (BARAT, 2007).
2.1.1.1 Transporte rodoviário no Brasil
É o principal
modal utilizado no transporte interno, tendo no país, cerca de 60% de
utilização quando comparado aos demais modais (KEEDI, 2015). Além disso, possui
vantagem de alcançar praticamente todo o território nacional, com exceção de
locais muitos remotos, que por sua natureza, não possuem expressão econômica
(NOVAES, 2007).
Os veículos
utilizados nesse modal são o caminhão, carreta, bitrem e rodotrem, podendo ser
dos mais diversos tipos, desde fechados até abertos, de acordo com a atividade
destinada (KEEDI, 2015).
A logística de
transporte é um dos fatores cada vez mais relevantes na adição de valor do PIB
nacional (BARAT, 2007). Apesar da importância na economia, o Brasil está
distante da concepção de que o transporte é um elo importante da cadeia
logística.
O transporte
brasileiro possui grandes restrições que impedem seu desenvolvimento. O
esgotamento dos mecanismos tradicionais de financiamentos públicos e a redução
do investimento privado nacional e internacional, a queda nos níveis de
profissionalização e a dispersão dos núcleos de inteligência das organizações
publicas são as principais restrições (BARAT, 2007).
2.1.1.2 Distribuição física e flexibilidade
O conhecimento dos
vários modos de transporte, bem como os veículos e as cargas adequadas a cada
um deles, é primordial para a criação e desenvolvimento de uma logística
adequada (KEEDI, 2015). Um bom planejamento da frota conduzirá a uma
distribuição física de forma eficiente.
O objetivo
principal da distribuição física é o de levar os produtos certos para os
lugares certos, no instante certo e com o nível de serviço esperado por seu
cliente, pelo menor custo possível (NOVAES, 2007). Diante disso, o transporte
atua desde a saída da fábrica com o produto até o consumidor final, existindo
variações de acordo com a operação realizada.
Na Europa e nos
Estados Unidos, a distribuição de mercadorias das fábricas para os centros de
comércio pode ser realizada de modalidades de transportes diversas: rodoviário,
ferroviário, aquaviário e aéreo. Existem grandes opções de modalidade,
envolvendo também uma combinação entre elas (NOVAES, 2007). No Brasil, “a
regulamentação para o operador do transporte multimodal foi aprovada em 2001,
porém, sua regulamentação não encontrou viabilidade” (GORDINHO, 2003, p.27).
Neste caso, prevalecem exemplos isolados e incompletos que não suportam a
economia de escala, isto é, a máxima utilização dos fatores produtivos,
minimizando os custos de produção e gerando aumento dos bens e serviços.
O transporte de combustíveis
apresenta principalmente três fluxos de distribuição. Os fluxos primários se
originam em usinas ou centro coletores, com destino as bases primárias ou
secundárias. As transferências são o segundo fluxo principal, pois ocorrem
entre suas bases a fim de aproximar os estoques dos mercados consumidores.
Estes por sua vez percorrem grandes distâncias. Por fim, as entregas na sua
grande maioria são trechos de curta distância com origem tanto em bases primárias
quanto em secundárias (FIGUEREIDO, 2006). A figura abaixo ilustra de forma
simplificada os fluxos de distribuição de combustíveis:
Figura 1 – Fluxos de
distribuição de combustíveis
Fonte: Figueiredo, 2006.
A
figura 2 representa as bases primárias e secundárias em todo o território
nacional:
Figura 2 – Bases de
distribuição de combustíveis
Fonte: SINDICOM, 2016
Uma empresa nesse
segmento pode operar em diversas bases de distribuição, dentre as quais podem
suprir centenas de clientes. Estes clientes estão geograficamente dispersos e
possuem características específicas. O desafio aos gestores de logística,
portanto, é administrar as várias etapas desta cadeia de suprimentos,
otimizando o atendimento aos seus clientes e administrando simultaneamente o
suprimento da distribuidora, armazenagem e a distribuição entre as bases
(MALIGO, 2005).
2.1.2.1 Distribuição de combustíveis na entrega
Com trechos
geralmente curtos, esse fluxo tem como finalidade realizar entregas em postos
de gasolina, atacadistas ou consumidores.
As entregas podem ser programadas e solicitadas pelo próprio cliente,
encaixando-se na modalidade FOB (Free on
Board), ou programadas pelas distribuidoras e atendidas por transportadoras
por elas contratadas, o que caracteriza a modalidade CIF (Coust- Insurance-Freight) (LEMES et al., 2010). De uma forma simplificada, o CIF significa que o preço do
produto inclui os valores com seguro e frete até o local do destino, enquanto
que o FOB significa que o produto não inclui esses valores até o cliente,
deixando o comprador responsável pelos riscos e custos referentes a retirada do
produto (SOUZA; BORINELLI, 2012).
Os caminhões
tanques, ou CT como são chamados, são carregados nas bases e constituem a
ligação física entre as distribuidoras e os clientes. Geralmente neste tipo de
distribuição são utilizadas carretas (tanque reboque, na definição do INMETRO)
com 30.000 litros de capacidade ou mais, sendo seu tanque compartimentado.
Esses compartimentos possuem 5.000 litros cada (MALIGO, 2005).
Os postos compram
os combustíveis das distribuidoras e revendem aos motoristas. De acordo com o
mercado ou público alvo, os postos podem trabalhar com um conjunto de produtos,
podendo ser: gasolina comum e aditivada, álcool, óleo diesel comum e aditivado,
dentre outros (MALIGO, 2005).
No que diz
respeito a caracterização dos postos, sua localização é um fator determinante.
Situados em zona urbana, tais postos são denominados de postos urbanos. Os que
estão localizados fora do perímetro urbanos, geralmente em estradas, são
chamados de postos de estradas. Essa divisão acontece, pois, existem
divergências de suas características, de tal modo que algumas distribuidoras os
consideram segmentos de mercado diferentes. No que diz respeito a estas
características, pode-se citar (MALIGO, 2005):
a)
proporção
de vendas com produtos diversos. Os postos de estrada possuem uma demanda maior
por óleo diesel, enquanto que os postos urbanos vendem mais gasolina e álcool;
b)
a
pequena demanda de diesel nos postos urbanos;
c)
a
presença de restaurantes e serviços voltados a caminhoneiros em postos de
estradas.
Nessa subseção foi descrito o
conceito de roteirização, abordando de forma peculiar os seus problemas
clássicos, a ela inerentes.
As decisões, os
objetivos e as restrições definem um problema real de roteirização. As decisões
referem-se ao grupo de clientes que devem ser visitados bem como os veículos e
respectivos motoristas, incorporando também a programação e sequenciamento das
entregas. Já os objetivos propiciam um alto nível de serviço aos clientes. Por
outro lado, a roteirização deve obedecer a determinadas restrições. A
princípio, as entregas devem ser realizadas conforme programado com os
clientes, de acordo com as rotas disponíveis. Além disso, devem-se respeitar os
limites de jornada de trabalho da mão de obra, satisfazendo as restrições de
trânsito, bem como, limites de velocidade, tráfego de veículo pesados, dentre
outros (NOVAES, 2007).
Na prática, os
problemas de roteirização estão presentes na distribuição de diversos produtos
e serviços, como na distribuição de bebidas, coleta de lixo urbano,
distribuição de combustíveis e entrega de correspondências (NOVAES, 2007).
A seguir são
listados os principais problemas de roteirização.
Diante de um
cenário onde a restrição de tempo e de capacidade está resolvida, não sendo
preciso se preocupar com tais restrições, de forma que no sistema não existisse
a restrição de tempo e capacidade. Nesses casos, o problema que resta para
resolução é o de encontrar a sequência de entregas que torne mínimo o percurso
dentro de uma zona (NOVAES, 2007).
O problema
descrito anteriormente faz referência ao problema do caixeiro viajante (PCV).
Esse problema consiste em um vendedor que precisa encontrar uma rota que comece
a partir de um ponto inicial, visitar um conjunto de determinadas cidades e
retornar a origem, ou seja, ao local de início da rota. Tal rota deve ser
gerada de modo que a distância total percorrida seja a mínima e, que cada
cidade seja visitada uma única vez. Apesar de parecer um problema simples, o
PCV de uma maneira geral representa um problema de otimização combinatória
difícil (PUNNEN; GUTIN, 2007).
O problema do
carteiro chinês é uma variação do problema do caixeiro viajante, porém, nesse
problema, os clientes estão localizados em arcos ao invés de nós (BELFIORE,
2006). Tal modelo consiste em um carteiro que parte da estação de correios para
realizar uma entrega e por fim retorna à esta estação. O carteiro tem como
objetivo escolher a rota de tal forma que percorra o menor caminho, cobrindo
cada rua, em sua área, pelo menos uma vez (XU, 2003).
No âmbito de
transportes, o problema consiste em determinar um roteiro único, que minimize o
custo e que permita ao veículo visitar todos os arcos (clientes) de uma zona,
uma única vez. O problema é baseado em somente um depósito e o veículo deve
sair de uma mesma base bem como retornar para ela (BELFIORE, 2006).
A definição
matemática de forma sumária, tem-se um grafo , com vértices e arestas, respectivamente.
Constando por um vértice inicial , o problema consiste em encontrar uma
série de viagens fechadas, contendo um vértice inicial de
modo que cada aresta do grafo seja percorrida ao menos uma vez em alguma viagem
e que o cumprimento das viagens seja minimizado (GOLDBARG, E.;
GOLDBARG, M., 2012).
Também chamado de problema do caminho mais
curto, o caminho mínimo busca encontrar o menor percurso entre dois nós de uma
rede, não somente a minimização do percurso, mas também o custo e tempo total
da viagem (BELFIORE; FAVORE, 2012). Este tipo de problema pode ser modelado
como um problema de otimização em redes. Através da construção de um grafo
cujos nós, representam as esquinas das ruas da cidade, sendo incluído mais dois
nós correspondentes ao depósito e ao endereço do cliente. Os arcos do grafo
correspondem as ruas que ligam as esquinas, enquanto que o depósito e o
endereço do cliente correspondem às esquinas de suas ruas. Qualquer caminho no
grafo que parte do nó depósito ao nó endereço do cliente, representa um caminho
real pela cidade, que liga o depósito ao endereço do cliente. Se for definido
um valor para cada arco igual ao comprimento da rota correspondente de cada
rua, o valor do caminho gerado será a soma dos valores dos seus arcos. Então,
para encontrar o menor caminho do grafo, isso equivalerá a gerar o menor valor
do nó deposito ao nó endereço do cliente (rota) (MORABITO et al., 2015).
O problema de roteamento de veículos (PRV)
é uma denominação genérica, dado a uma classe de modelos matemáticos onde “clientes”
são visitados por “veículos” (FERREIRA FILHO, 2016). Tal instância envolve o
planejamento de rotas de coleta e/ou entrega de forma que o custo seja
minimizado. Tem origem em um ou mais depósitos para um número determinado de
clientes, sujeitos a restrições adicionais. Este problema é fundamental na área
de gerenciamento da distribuição e logística (MORABITO et al., 2015).
Há abundâncias de particularidades para o
problema que existem na realidade, os quais sugerem uma classificação em três
grupos: (FERREIRA FILHO, 2016):
a)
PRV –
Problema de Roteamento de Veículos;
b)
PSV –
Problema de Sequenciamento de Veículos;
c)
PRSV –
Problema de Sequenciamento e Roteamento de Veículos.
O PRV consiste em determinar rotas que
minimizem a função objetivo que é geralmente a distância percorrida pela frota.
Nesse tipo de problema, o horário e a sequência de entregas são livres e
consistem na distribuição de bens por uma frota de caminhões tendo como origem
um depósito (FERREIRA FILHO, 2016).
Um sequenciamento, ou programação de
veículos, é uma rota onde cada ponto é associado a um tempo de chegada e
partida, ou tempo de execução de um serviço. Dessa forma, no PSV os veículos
possuem restrições de horários especificadas em cada ponto dentro de uma
determinada rota (FERREIRA FILHO, 2016).
Quando os elementos de espaço e tempo se
combinam de maneira que um não prevaleça sobre o outro, temos o PRSV. Esse tipo
de problema normalmente é caracterizado por restrições de número de rotas
inferior a frota de veículos, relação de precedência entre clientes e janelas
de tempo, isto é, os clientes possuem horários estabelecidos para entrega
(FERREIRA FILHO, 2016).
Objetivo do problema é minimizar o custo
total das viagens, com as seguintes restrições (MORABITO et al., 2015):
a)
início
e término no depósito;
b)
cada
cliente presente em apenas uma rota;
c)
demanda
total de uma rota não pode ultrapassar a capacidade do veículo;
d) o tempo total da viagem de uma rota não
deve exceder a sua janela de tempo.
Uma das tendências
tecnológicas é integrar o planejamento e a execução de atividades de transporte
dos clientes com as do operador, de modo a minimizar os custos, reduzir a
ociosidade e aumentar o nível de serviço (NOVAES, 2007).
A internet, como uma ferramenta de conhecimento, vem sendo muito utilizada na roteirização de veículos. Por meio de
sites e plataformas que fornecem mapas e GPS é possível conhecer a localização
exata do veículo, facilitando-a em caso de emergência e também favorecendo a
programação de entregas através da alocação de transporte para coleta real-time de pacotes e documentos (GOMES; RIBEIRO, 2014).
Com a utilização do LINDO®, um software
de modelagem e resolução de problemas de otimização, bastante utilizado no meio
acadêmico (LINDO, 2017), pretende-se obter uma solução ótima a respeito do
problema da pesquisa deste trabalho.
O método
“concretiza-se em ‘etapas ou fases’ e usa ‘técnicas’, ou seja, instrumentos
facilitadores, auxiliares ao processo do conhecimento.” (BIAGI, 2012, p. 74).
Nesse contexto, serão descritos a seguir os procedimentos metodológicos que
caracterizam e organizam este estudo.
A “pesquisa, no
sentindo mais amplo, é um conjunto de atividades orientadas para a busca de um
determinado conhecimento.” (RUDIO, 2014, p. 9). Mediante a isso, o presente
trabalho consiste em uma pesquisa é do tipo exploratório-descritiva.
A pesquisa
descritiva tem como principal interesse descobrir e observar fenômenos,
procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (RUDIO, 2014). “Nas
pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados e interpretados,
sem que o pesquisador interfira sobre eles.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 52).
Já a pesquisa exploratória tem como finalidade proporcionar um maior
entendimento do assunto investigado por meio de mais informações, permitindo um
estudo do tema com adoção de diversos ângulos e aspectos (PRODANOV; FREITAS,
2013).
A pesquisa
documental tem como característica que a fonte de coleta de dados é restrita a
documentos, escritos ou não, formando o que se denomina de fontes primárias. As
fontes podem ser coletadas no momento em que o fato acontece, ou depois
(MARCONIS; LAKATOS, 1999). A pesquisa bibliográfica é a busca de informações
bibliográficas selecionando os documentos em relação ao tema da pesquisa. Isso
inclui livros, estudos, revistas, dentre outros (MACEDO, 1996). “Sua finalidade
é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito, dito ou
filmado sobre determinado assunto.” (MARCONIS; LAKATOS, 1999, p. 73).
No presente
estudo, foi analisado um documento da empresa Sigma chamado de programação de
entregas, que traz diversas informações a respeito das distribuições de
produtos previstas para um dia, detalhando os itens, veículos e clientes. Os
documentos bibliográficos utilizados foram livros, artigos, monografias e teses
sobre os diversos temas relacionados com o problema da pesquisa.
A pesquisa de
campo é aquela que se objetiva a conseguir informações sobre o problema de
estudo, hipótese que se queira comprovar ou descobrir novos fenômenos bem como
as relações entre eles (MARCONIS; LAKATOS, 1999). “Nesse sentido, o pesquisador
vai ao campo para coletar dados que serão depois analisados, utilizando uma
variedade de métodos tanto para a coleta quanto para a análise.”
(KAHLMEYER-MERTENS et al., 2007).
A pesquisa de
campo foi realizada na empresa Sigma, no setor de planejamento logístico, onde
são concentradas todas as informações a respeito das operações da organização.
A pesquisa aconteceu de forma a solicitar ao setor a programação de entregas
diária de um dia aleatório do mês de agosto de 2017.
A natureza desta
pesquisa é quantitativa. Isto é, trata-se de um estudo onde um certo número de
casos individuais, com fatores quantificados, conforme necessidade do estudo e
podendo servir constantemente de dados estatísticos, tem como objetivo
generalizar o que foi encontrado nos casos particulares (RAMPAZZO, 2005).
O presente estudo
aplicará a pesquisa quantitativa analisando as informações de entregas de um
dia aleatório com aplicabilidade no problema de roteamento de veículo clássico
a fim de identificar cenários de estudo para futura comparação.
O estudo de caso é
uma investigação empírica que examina um fenômeno atual de maneira complexa e
em seu contexto de mundo real, principalmente quando os limites entre eles não
estiverem facilmente visíveis (YIN, 2015).
O trabalho em
questão abordará uma companhia referência no segmento de transporte de
combustíveis no norte e nordeste. Por sigilo, o nome da empresa em estudo será
suprimido neste trabalho, sendo doravante denominá-la de empresa Sigma.
O objeto de estudo
será a programação de entregas diária. Esta operação caracteriza-se por
entregas em postos de combustíveis na cidade de Fortaleza e região
metropolitana. O atendimento é realizado por caminhões-tanque com capacidade de
carga de 30.000 litros, sendo esse volume dividido em compartimentos de 5.000
litros em cada frota. Essa divisão ocorre devido aos diversos produtos transportados
bem como variação nos pedidos solicitados pelos clientes. Os veículos operam em
regime de jornada 24h, tendo seu início na madrugada de segunda feira com
término ao final do dia de sábado.
“Chama-se de
‘coleta de dados’ a fase do método de pesquisa, cujo objetivo é obter
informações da realidade” (RUDIO, 2014, p. 111). Os instrumentos mais
necessários à pesquisa são o que indicam a existência ou não de um fenômeno bem
como os que o quantificam, fornecendo uma medida sobre o mesmo (RUDIO, 2014).
A pesquisa
documental foi utilizada nos arquivos da empresa Sigma, com informações
extraídas do sistema TOTVS®. As amostras estudadas foram somente da operação de entrega em postos de
combustíveis.
Nesta subseção é
apresentado o método de coleta, tabulação e tratamento dos dados que foram
utilizados para análise dos resultados.
As técnicas de coletas de dados podem ser
definidas como um conjunto de ferramentas, instrumentos e operações que se
direcionam para obtenção do percurso utilizado no método (BIAGI, 2012).
Os dados analisados foram coletados a
partir de relatórios gerados no sistema TOTVS® referente a um dia de entregas, escolhido de
forma aleatório, no mês de agosto de 2017. Por meio dos relatórios foi possível
obter informações dos clientes, datas de entrega, volume e produtos
solicitados.
A tabulação tem
como objetivo estabelecer o processo, pelo qual se apresentam graficamente os
dados obtidos das categorias, em formato de tabelas, permitindo resumir os
dados de observação, de maneira a facilitar o entendimento e possíveis relações
entre os eles (RUDIO, 2014). Pode ser feita de maneira manual ou com uso de
computadores, porém em estudos mais complexos, com números de casos e
tabulações mistas elevadas, é indicado o uso de programas computacionais
(MARCONIS; LAKATOS, 1999).
Com a utilização
do software Microsoft
Office Excel® realizou-se todo o
processo de tabulação de dados, agrupando-os, após extraídos do relatório do
sistema, obtendo-se de forma resumida as informações mais pertinentes ao
estudo.
Após a tabulação,
foi realizada a análise e interpretação dos dados. “A análise dos dados tem por
finalidade a interpretação de dados pertinentes ao problema da pesquisa.”
(LOPES, 2006, p. 37). Interpretação de dados “é a atividade intelectual que
procura dar um significado mais amplo as respostas, vinculando-as a outros
conhecimentos.” (MARCONIS; LAKATOS, 1999).
Na análise
proposta, existe um interesse na medida das características dos elementos de
toda a população. O resultado desse tipo de análise é a obtenção de valores
precisos dos parâmetros com base na investigação realizada em todos os
elementos da população (SILVESTRE, 2007).
Os pontos que se referem aos clientes foram agrupados,
chamando o primeiro de “1” até o último cliente, “5”, com as respectivas
coordenadas. Através dessa denominação foi possível relacionar todos os pontos
de uma forma “limpa”. Por meio do Google
Maps obtiveram-se as coordenadas geográficas de cada cliente bem como as
distâncias entre todos os pontos, criando assim a matriz de distância do
problema. O tratamento dos
dados proporcionou que fosse feita análises bivariadas sobre as distâncias e
custos do transporte antes da aplicação da roteirização.
O modelo utilizado
neste estudo é uma adaptação do problema de roteamento de veículos clássico
para a instância do problema na empresa pesquisada. O modelo adaptado possui a
seguinte formulação: um conjunto de veículos idênticos são representados pelo
conjunto , sendo necessário realizar entregas em uma
determinada região. Um conjunto representa os clientes presentes nessa região, sendo
vértices de um grafo , de forma que é o
conjunto de arestas. Incluem-se dois outros vértices, denominados de vértices e , representando o ponto de onde partirão e
chegarão todos os veículos respectivamente. Além disso é dado que
representa o deslocamento necessário do cliente ao
cliente (SILVA et al., 2008).
O modelo
matemático do PRCV adaptado leva em consideração os dados citados no parágrafo
anterior bem como as seguintes variáveis (SILVA et al., 2008):
a)
é o
instante de chegada do veiculo ao
cliente ;
b)
é
uma variável binaria definida por , se na rota do veículo ele seguir
diretamente do cliente ao
cliente , ou , caso contrário.
Dessa forma,
pode-se modelar o problema conforme a Figura 3.
Figura 3
– Modelagem do modelo adaptado do PRVC
Fonte: Silva et al., 2008.
No ponto (1)
tem-se a função objetivo buscando minimizar a distância percorrida na
realização das entregas de cada cliente; O grupo de restrições a partir do
ponto (2), obriga que somente um veículo realize a entrega de um cliente, em
(3) tem-se a restrição de capacidade de cada veículo para que não ultrapasse Q
unidades. O ponto (4) garante que todo veículo tenha sua rota de entregas
iniciando sempre no depósito e em (6) garante o retorno a este depósito ao
final da rota. Em (5), faz-se com que o veículo em rota do cliente , dirija-se ao próximo cliente , ou retorne ao depósito. As restrições (4),
(5) e (6) geram a rota de cada veículo utilizado nas entregas (SILVA et al.,
2008).
Nesta seção foram
demonstradas as informações pertinentes ao objeto de estudo, descrevendo a
empresa pesquisada, o seu modelo atualmente utilizado, bem como a aplicação do
PRVC e análise dos seus cenários a fim de visualizar os ganhos na operação de
entrega de combustíveis em Fortaleza/CE e região metropolitana.
O presente estudo foi realizado
em uma empresa do ramo de distribuição de combustíveis com matriz na cidade de
Fortaleza/CE e atuante em mais de 10 estados no Brasil. Atualmente a empresa
Sigma atua nas regiões norte e nordeste, cobrindo uma grande área do território
nacional.
A empresa Sigma opera com o
transporte dos produtos adquiridos em usinas com destino as bases primárias,
transferência de produtos das bases primárias para as secundárias e entrega
final aos postos de combustíveis.
O objeto desse estudo é a aplicação
de um modelo adaptado do problema de roteamento de veículos clássico na
operação de entrega de combustíveis em postos na cidade de Fortaleza/CE e
região metropolitana.
O transporte de
combustíveis é realizado por caminhões-tanque com capacidade de 30.000 litros,
sendo divididos em compartimentos de 5.000 litros para que se possa entregar a
vários clientes por viagem bem como a separação para os diversos tipos de
produtos transportados.
A operação se
caracteriza por carregamento em uma distribuidora de combustíveis localizada na
região do porto do Mucuripe, Fortaleza/CE, com entregas em postos na cidade de
Fortaleza/CE e região metropolitana.
As programações de
entregas são enviadas no dia anterior à data de entrega dos clientes (D – 1). Dessa
forma, na noite do dia (D – 1) é possível visualizar todas as entregas
previstas para os veículos no dia seguinte. De forma constante, existem
solicitações de alterações da ordem de clientes e mudança de placas nas
entregas durante na diária. Isso ocorre por que muitas vezes há erros na
programação, sendo necessário uma análise manual e uma crítica para alterar as
entregas.
Quanto ao custo de
transporte, este se caracteriza por um custo com base no quilometro (km)
percorrido pelo veículo ao longo de sua rota, sendo desconsiderado seu retorno
até o depósito para um novo carregamento. O valor base utilizado nesse estudo é
de R$ 6,20, tal qual como adotado na empresa Sigma em Fortaleza. Isto é,
multiplicando esse valor com a distância percorrida pelo veículo, tem-se o
resultante o custo de transporte.
Foi utilizado como
estudo a programação de entregas referente a um dia aleatório de agosto/2017,
contendo cinco clientes com a utilização de três veículos. A seguir tem-se
informações relevantes para o estudo de caso:
Quadro 1
– Matriz de distancias, demanda dos clientes e capacidade de frota
|
|
DESTINO |
|||||
|
|
0 |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
ORIGEM |
0 |
0 |
7 |
8 |
58 |
20 |
19 |
1 |
9 |
0 |
5 |
59 |
13 |
12 |
|
2 |
10 |
4 |
0 |
53 |
14 |
13 |
|
3 |
59 |
57 |
53 |
0 |
66 |
56 |
|
4 |
25 |
17 |
18 |
62 |
0 |
25 |
|
5 |
20 |
12 |
14 |
57 |
9 |
0 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
DEMANDA |
- |
5 |
5 |
10 |
10 |
25 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CAPACIDADE DO VEICULO |
30 |
|
|
|
Fonte: O autor.
A roteirização aplicada neste estudo
foi por meio da resolução do problema de roteamento de veículos clássico
adaptado ao problema do presente estudo. Através do software LINDO® obteve-se as rotas ótimas levando em consideração
seu objetivo e restrições do problema. A seguir tem-se o cenário antes da
aplicação da roteirização bem como o resultante da pós-otimização, comparando
as distâncias e custo de frete a fim de se visualizar os possíveis ganhos.
As entregas são
realizadas com três veículos. Todos partindo de um ponto de carga com destino
aos clientes. As distâncias são calculadas de ponto a ponto conforme as
entregas são realizadas. Devido ao regime de custo de transporte da operação
incluir um valor fixo mais um valor variável, aborda-se nesse estudo somente o
valor variável, que é dado por km rodado. O retorno ao ponto de carregamento
não é contabilizado.
A seguir tem-se um
quadro resumo sobre as informações da entrega no dia em estudo:
Quadro 2
– Distancias e custos realizados na entrega para os cinco clientes
CLIENTE |
KM |
VALOR POR KM |
CUSTO DE TRANSPORTE |
1 |
17 |
R$ 6,20 |
R$ 105,40 |
2 |
18 |
R$ 6,20 |
R$ 111,60 |
3 |
54 |
R$ 6,20 |
R$ 334,80 |
4 |
46 |
R$ 6,20 |
R$ 285,20 |
5 |
4,83 |
R$ 6,20 |
R$ 29,95 |
TOTAL |
139,83 Km |
R$ 866,95 |
Fonte: O autor.
Para a aplicação
do PRVC utilizou-se o software LINDO® na modelagem matemática do problema da
pesquisa para a devida resolução. A estruturação da modelagem resume-se em
função objetivo e restrições para o problema. O objetivo do problema foi diminuir
as distâncias e com isso reduzir os custos com transporte na operação.
Quadro 3
– Resumo do resultado da modelagem matemática no LINDO®
Variable |
Value |
Reduced Cost |
X021 |
1.000000 |
8.000000 |
X261 |
1.000000 |
10.00000 |
X042 |
1.000000 |
20.00000 |
X432 |
1.000000 |
62.00000 |
X362 |
1.000000 |
59.00000 |
X013 |
1.000000 |
7.000000 |
X153 |
1.000000 |
12.00000 |
X563 |
1.000000 |
20.00000 |
Fonte: O autor.
Chamou-se de ponto
“0” e “6” o ponto de carregamento ou depósito, e de “1” a “5” os respectivos
clientes. A modelagem completa pode ser visualizada no apêndice A (p. 30). A
coluna “value” quando preenchida com
valor “1” indica que aquela é uma rota ótima com o valor no campo “Reduced Cost” representando a distância
percorrida. Na primeira linha do quadro 3 tem-se uma origem no ponto “0” para o
ponto “2” no veículo “1” com uma distância realizada de 8 km.
Após a resolução
do modelo obteve-se as rotas ótimas. O quadro a seguir representa as ordens das
entregas bem como alocação das entregas nos veículos:
Quadro 4
– Entregas por veiculo
Origem |
Destino |
Veiculo |
Distancia |
0 |
2 |
1 |
8 |
2 |
6 |
1 |
0 |
0 |
4 |
2 |
20 |
4 |
3 |
2 |
62 |
3 |
6 |
2 |
0 |
0 |
1 |
3 |
7 |
1 |
5 |
3 |
12 |
5 |
6 |
3 |
0 |
Total |
109 |
Fonte: O autor.
O veículo 1 deve
seguir para o cliente 2 e em seguida para o depósito (6). O veículo 2 deve
seguir para o cliente 4, depois para o cliente 3 e por fim retornar ao depósito
(6). O veículo 3 deve seguir para o cliente 1 e a posteriori para o cliente 5
finalizando com o retorno ao depósito (6).
Como não existe
custo de transporte no trecho do último cliente da rota para o depósito, os
valores obtidos na resolução do LINDO® foram zerados.
Abaixo tem-se as representações das rotas por veículo por meio
do Google Maps®.
Figura 3
– Rota gerada para o veículo “1”
Fonte: Adaptado pelo autor no Google Maps®
Ponto A e C referem-se ao depósito e o ponto B ao cliente 2. O
ponto C está sobreposto ao ponto A pois refere-se ao mesmo local.
Figura 4
– Rota gerada para o veículo “2”
Fonte: Adaptado pelo autor no Google Maps®
Ponto A e D referem-se ao depósito, o ponto B refere-se ao
cliente 4 e o ponto C ao cliente 3. O ponto D está sobreposto ao ponto A pois
referem-se ao mesmo local.
Figura 5
– Rota gerada para o veículo “3”
Fonte: Adaptado pelo autor no Google Maps®
Ponto A e D referem-se ao depósito, o ponto B refere-se ao
cliente 1 e o ponto C ao cliente 5. O ponto D está sobreposto ao ponto A pois
referem-se ao mesmo local.
Após levantamento dos dados sobre as entregas realizadas no período em estudo e resolução do problema de roteamento de veículos clássico adaptado para o presente cenário, foi possível comparar as instâncias e identificar possíveis ganhos e oportunidades de melhoria. O quadro a seguir representa uma comparação com o modelo antes utilizado e com o modelo adaptado do PRVC:
Quadro 5 – Comparação dos modelos
MODELO TRADICIONAL |
MODELO PRVC |
RESULTADOS |
||||
CLIENTE |
KM |
CUSTO DE TRANSPORTE |
KM |
CUSTO COM TRANSPORTE |
KM |
CUSTO DE TRANSPORTE |
1 |
17 |
R$ 105,40 |
7 |
R$ 43,40 |
-22% |
-22% |
2 |
18 |
R$ 111,60 |
8 |
R$ 49,60 |
||
3 |
54 |
R$ 334,80 |
62 |
R$ 384,40 |
||
4 |
46 |
R$ 285,20 |
20 |
R$ 124,00 |
||
5 |
4,83 |
R$ 29,95 |
12 |
R$ 74,40 |
||
TOTAL |
139,83 |
R$ 866,95 |
109 |
R$ 675,80 |
Fonte: O autor
Conforme acima é
perceptível uma diferença significativa com o modelo do PRVC. Em números,
teve-se uma redução de 22% na distância percorrida e consequentemente no custo
de transporte. Uma análise mais minuciosa mostra que não são necessários três
veículos para atender os respectivos clientes, tendo em vista que no primeiro
veículo temos apenas um cliente para entrega com uma demanda de 5m³, enquanto
que no segundo veículo teve-se apenas duas entregas totalizando 20m³ em
demanda. Levando-se em consideração que cada veículo tem capacidade de 30m³, a
demanda do primeiro cliente poderia ser alocada para o segundo veículo, dessa
forma teríamos otimização da rota.
Ao decorrer dos
anos, novos estudos e ferramentas surgiram em prol da melhoria de processos e
reduções de custo nos mais diversos segmentos. Em uma sociedade empresarial
“acirrada”, as empresas buscam constantemente otimizar suas operações. Diante
deste cenário, o objetivo geral deste artigo buscou analisar a roteirização de
veículos de maneira a se obter um menor percurso para um conjunto de entregas e
consequentemente reduzir seu custo de transporte. Por meio do mapeamento do
cenário atual no item 4.2.1, descrita na aplicação do PRCV no item 4.2.2 e
comparado aos dados no item 4.2.3, foram possíveis identificar oportunidades de
melhorias e redução no custo de transporte na operação de entrega de
combustíveis.
No referencial
teórico abordaram-se os objetivos específicos deste trabalho. Na primeira
subseção do referencial, teve-se um breve histórico sobre os sistemas de
transportes no Brasil, sendo perceptível que através dos anos o modal
rodoviário é cada vez mais predominante no território nacional. Sobre esse
modal, foi explanado acerca de suas características, particularidades e importância,
sendo cada vez mais relevante na geração de riquezas do país. Foi abordada
também a logística de uma forma ampla e também aplicada ao transporte de
combustíveis, detalhando suas particularidades e o destino final, os postos de
combustíveis. Já na segunda subseção foi explanado sobre a roteirização,
detalhando seus problemas clássicos com ênfase no PRVC e em seguida descrevendo
seu método de solução.
No item 4.2.3 é
possível visualizar a resposta para o problema do presente estudo. Com uma redução
de 22% na distância total percorrida e consequentemente no custo de transporte
total, a roteirização influenciou uma significativa redução do custo de
transporte da empresa Sigma.
As dificuldades e
limitações encontradas na elaboração deste estudo foram ausências de trabalhos
com enfoque similar a da aplicação deste modelo, bem como sua modelagem no
LINDO®. Em algumas etapas foi preciso
analisar linha por linha de código a fim de encontrar erros que impactavam na
resolução do problema.
Conclui-se que a roteirização,
alinhada a pesquisa operacional, é uma ferramenta que agrega aplicação e
conhecimento imprescindível para profissionais e empresas que buscam se
diferenciar no mercado.
Por meio do domínio destes
assuntos e aplicações pode-se criar uma vantagem competitiva para as
organizações. Vale ressaltar que a pesquisa operacional não se aplica somente a
problemas de transportes, ela é também amplamente utilizada em problemas da
produção, objetivando sempre a maximização do lucro ou redução dos custos.
AGOSTO, Márcio
d’. Transporte, uso de energia e
impactos ambientais. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
AMARAL, Daniel
Barzan de Mattos et al. Estudo de roteirização de veículos com aplicação da
técnica de varredura para cargas fracionadas. In: Simpósio de excelência em
gestão e tecnologia (Seget), 2014, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos Gestão do conhecimento para a sociedade. Rio de
Janeiro: Seget, 2014. Disponível em:
<http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos14/12920167>. Acesso em: 12
abr. 2017.
BALLOU, Ronald
H. Gerenciamento da cadeia de
suprimentos. 5 ed. São Paulo: Bookman, 2006.
BARAT, Josef. Logística e transporte no processo de
globalização: oportunidade para o Brasil. São Paulo: UNESP, 2007.
BARAT, Josef. Logística, transporte e desenvolvimento
econômico. 1. ed. São Paulo: Cla editora, 2007.
BELFIORE,
Patrícia Prado. Scatter search para problemas de roteirização de veículos com frota
heterogênea, janelas de tempo e entregas fracionadas.2006, 222 p. Tese
(Doutor em Engenharia). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível
em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3136/tde-05092006-145756/pt-br.php>.
Acesso em: 12 abr. 2017.
BELFIORE,
Patrícia. FÁVERO, Luiz Paulo. Pesquisa
operacional para custos de administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
BIAGI, Marta
Cristina. Pesquisa cientifica:
roteiro prático para desenvolver projetos e teses. Curitiba: Juruá, 2012.
CAXITO, Fabiano
et al. Logística: um enfoque
prático. São Paulo: Saraiva, 2011.
FARKUH NETO,
Alberto; LIMA, Renato da Silva. Roteirização de veículos de uma rede atacadista
com o auxílio de sistemas de informações geográficas (SIG). Pesquisa e Desenvolvimento Engenharia de
Produção, Minas Gerais, n. 5, p. 18-39, jun. 2006. Disponível em: <http://www.rslima.unifei.edu.br/download1/pqm02/n5_art02.pdf>.
Acesso em: 12 abr. 2017.
FERREIRA FILHO,
Virgílio José Martins. Gestão de
operações e logística na produção de petróleo. 1. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2016.
FIGUEREIDO,
Renata. Gargalos logísticos na
distribuição de combustíveis brasileira. 2006. 12 p. Disponível em:
<www.coppead.ufrj.br.pt/pt-br/upload/publicacoes/ArtLog_MAI_2006>. Acesso
em: 17 set. 2017.
GOLDBARG,
Elizabeth; GOLDBARG, Marco. Grafos:
conceitos, algoritmos e aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
GOMES, Carlos
Francisco Simões; RIBEIRO, Priscilla Cristina Cabral. Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia. São Paulo:
Thomson, 2014
GORDINHO,
Margarida Cintra. Transportes no Brasil,
à opção rodoviária. São Paulo: Marca d’agua, 2003.
KAHLMEYER-MERTENS,
Roberto S. et al. Como elaborar projeto
de pesquisa: linguagem e método. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional:
veículo prático de competitividade. 5. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2015.
LINDO. LINDO System, Inc. User’s Manual. Chigaco:
LINDO, 2017. Disponível em:
<http://www.lindo.com/downloads/PDF/LindoUsersManual.pdf>. Acesso em: 19
out. 2017.
LOPES, Jorge. O fazer do trabalho cientifico em ciências
sociais aplicadas. Recife: Universitária da UFPE, 2006.
LEMES, Frederico
Sauer Pais; Souza, Antônio Artur de; PEREIRA, Anna Carolina Corrêa.
Gerenciamento da cadeia de suprimentos em uma distribuidora de combustíveis. Convibra Administração. Minas Gerais,
nov. 2010. Disponível em: < http://www.convibra.org/upload/paper/adm/adm_1626.pdf>. Acesso em: 9 out. 2017.
MACEDO, Neusa
Dias de. Iniciação à pesquisa
bibliográfica: guia do estudante para a fundamentação do trabalho de
pesquisa. 2. ed. São Paulo: Unimarco, 1996.
MALIGO, Carlos. Modelo para simulação da operação de
carregamento de caminhões-Tanque em uma base de distribuição de combustíveis
automotivos. 2005, 170 p. Tese (Mestre em Logística).
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
Disponível em:
<http://www.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0311059_05_pretextual.pdf>.
Acesso em: 9 out. 2017.
MARCONIS, Marina
de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas
de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MARTINS, Ricardo
Caixeta; CAIXETA-FILHO, José Vicente. Gestão
logística de transporte de cargas. São Paulo: Atlas, 2014.
MATOS JUNIOR,
Carlos Alberto de et al. A contribuição da roteirização na redução de custos
logísticos e melhoria do nível de serviço em empresa do segmento alimentício no
Ceará. Associação Brasileira de Custos
(ABCustos), Ceará, v. 4, n.3, set.-dez. 2014. Disponível em:
<https://abcustos.emnuvens.com.br/abcustos/article/view/284/3>. Acesso
em: 12 abr. 2017.
MORABITO,
Reinaldo et al. Pesquisa operacional:
para cursos de engenharia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
NOVAES, Antônio
Galvão. Logística e gerenciamento da
cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. 3. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2007.
PRODANOV,
Cristiano Cleber; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho cientifico: métodos e técnicas da pesquisa
e do trabalho acadêmico. 2. ed. Rio Grande do Sul: Feevale, 2013.
PUNNEN, Abraham
P., GUTIN, Gregory. The traveling salesman problem and its
varitations. Nova
Iorque: Springer, 2007.
RAMPAZZO, Lino. Metodologia cientifica: para alunos dos
cursos de graduação e pós-graduação. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2005.
RUDIO, Franz
Victor. Introdução ao projeto de
pesquisa cientifica. 42. ed. Rio de janeiro: Vozes, 2014.
SILVA, José Lassance
de Castro; XAVIER, Sandro Luiz de Paixão; SILVA, Bruno de Castro Honorato. Problema de
roteamento de veículos aplicado à coleta de gêneros alimentícios: um estudo de
caso. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
PESQUISA OPERACIONAL, 40., 2008, João Pessoa. Anais eletrônico... Fortaleza: UFC, 2008. Disponível em:
<http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/13120/1/2008_eve_jlcsilva_problema.pdf>.
Acesso em: 9 out. 2017.
SILVESTRE,
Antônio Luís. Análise de dados e
estatísticos descritivos. São Paulo: Escolar, 2007.
SINDICOM.
Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de
lubrificantes. Mapa de logística –
Associadas SINDICOM. Rio de Janeiro:
SINDICOM, 2016. Disponivel em:
<http://www.sindicom.com.br/images/file/combustiveis/Mapa_site.pdf>.
Acesso em: 24 ago. 2017.
SOUZA, Márcio
Carlos; BORINELLI, Márcio Luiz. Controladoria.
Curitiba: IESDE BRASIL, 2012.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos.
5. ed. São Paulo: Bookman, 2015.
XU, Jumming. Theory
and application of graphs. Nova Iorque: Springer science + business media, LLC, 2003.